“Silêncio total” em Castro Laboreiro
A vila de Castro Laboreiro “está deserta” e sob um “silêncio total”, com o recolhimento imposto pelo surto do novo coronavírus. “O silêncio é total. Não anda ninguém na rua. Hoje de manhã fui ao banco, a Melgaço, e em 27 quilómetros de caminho até à sede do concelho cruzei-me com quatro carros. Veja lá que fartura”, afirmou à Lusa Adílio Pereira.
Integrada numa União de Freguesias que junta a aldeia de Lamas de Mouro, com um total de cerca de 500 habitantes, a vila de Castro Laboreiro, a mais de 100 quilómetros da capital do Alto Minho, Viana do Castelo tem, habitualmente, “pouco movimento”, mas como agora “nunca se viu”. “Em agosto, com a chegada dos emigrantes, há mais gente a circular, mas agora acabou tudo. A pouca gente que há, sobretudo idosos, está metida em casa. A vila está deserta”, explicou o empresário de 67 anos.
Adílio vive com a família “mesmo no centro da vila”, onde residem “não chega a 100 pessoas”. “Por ora não sei de casos de pessoas doentes por aqui, mas não sei como isto vai correr”, desabafou. Os três restaurantes “que até aqui tinham clientela com os vizinhos galegos” que atravessavam a aldeia a caminho de Espanha, fecharam portas.
Já quanto às duas mercearias, uma delas é de Adílio Pereira, não “há mãos a medir”. Além do mercado Domingues, Adílio, a mulher e as duas filhas gerem ainda uma padaria/pastelaria, a Castrejinha.
Tal como nos grandes centros urbanos, o surto do novo coronavírus fez disparar o movimento. “Nunca vi uma invasão como esta. Levam comida que sei lá. Para já tenho tido facilidade em repor a mercadoria mas não se sabe como vai ser”, referiu o “meteorologista” como é conhecido localmente. Ganhou a alcunha quando criou uma página no Facebook e começou a publicar fotografias, uma “paixão”, a par da astrologia, das “belezas” de Castro Laboreiro.
“Não criei a página para andar a dizer mal deste ou daquele. Gosto muito de fotografar e como me levanto muito cedo, por volta das 05:00, tiro logo uns poucos de retratos e publico. Ao mesmo tempo vou dizendo se está um dia de sol, se está a chover ou se vai nevar. Cheguei a um ponto que não passo sem isso. Por isso é que me começaram a chamar o meteorologista de Castro Laboreiro”, explicou.