Travessia do Pacífico por Fernão de Magalhães foi “uma das maiores façanhas náuticas”

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A travessia do Oceano Pacífico por Fernão de Magalhães, feito que celebra hoje 500 anos, foi “uma das maiores façanhas náuticas da história”, considerou o presidente da Estrutura de Missão do V Centenário da 1.ª Circum-Navegação, José Manuel Marques.

Nascido da nobre linhagem dos Magalhães das Terras da Nóbrega (Ponte da Barca), o navegador português Fernão de Magalhães (1480-1521) notabilizou-se por ter organizado e comandado a primeira viagem de circum-navegação ao globo, ao serviço do rei de Espanha, alcançando o extremo sul do continente americano e atravessando o estreito que veio a ser batizado com o seu nome.

A viagem, a bordo da nau Victoria, começou a 20 de setembro de 1519, em Sanlúcar de Barrameda (sul de Espanha), e terminou a 06 de setembro de 1522, no mesmo local. Fernão de Magalhães foi o primeiro europeu a atravessar o estreito entre os oceanos Atlântico e Pacífico, a sul da América do Sul, que viria a ficar conhecido pelo seu apelido.

O navegador não terminou a expedição, uma vez que morreu nas Filipinas, em 1521, aos 41 anos, pelo que a viagem seria concluída pelo navegador espanhol Juan Sebastián Elcano.

“A travessia, sobretudo a passagem ou a descoberta do estreito que hoje leva o nome de estreito de Magalhães e a travessia do Pacífico, foi uma das maiores façanhas náuticas na história da humanidade, nomeadamente se pensarmos que tudo isto foi feito nos alvores do século XVI”, disse José Manuel Marques à Lusa, por telefone, na véspera dos 500 anos da chegada da expedição ao arquipélago das Filipinas.

“Quase que poderíamos dizer que aqui se revela, por um lado, a grande genialidade de Magalhães na sua força empreendedora, na sua ousadia, na sua determinação, na sua liderança”, acrescentou o responsável.

O presidente da Estrutura de Missão do V Centenário da 1.ª Circum-Navegação (EMCFM) considerou que a travessia do Oceano Pacífico trouxe uma “consciência coletiva” da existência de um “mundo que tem uma conceção esférica”, fortalecida por oceanos que “ligam os diversos continentes”.

“É através deste mesmo oceano que se vão desenvolver as correntes culturais, as correntes económicas”, afirmou.

“O mundo de hoje deve-se, em parte, a esta expedição, que podemos considerar a génese da globalização”, vincou.

José Manuel Marques acredita que tal só foi possível devido a “um conhecimento e a uma aposta profunda no conhecimento” que derivou do “legado de Portugal e dos portugueses ao nível da ciência náutica e ao nível de conhecimento e de navegarem em mar alto”, recordando a importância da expansão marítima.

“Magalhães só conseguiu desenvolver este feito e esta expedição porque comporta todo o conhecimento desenvolvido por Portugal aquando da expansão marítima”, defendeu o presidente da Estrutura de Missão do V Centenário da 1.ª Circum-Navegação, que recordou as evoluções e o conhecimento adquiridos durante os séculos XIV e XV. Da mesma forma, José Manuel Marques assinalou que tal apenas foi possível por ser fruto “de um trabalho coletivo” com contributo de especialistas estrangeiros.

Para o responsável da EMCFM, a expedição, liderada por Fernão de Magalhães, e os seus efeitos continuam a ter “repercussões extraordinárias na inspiração, sobretudo na inspiração de tudo o que está ligado ao conhecimento, à ciência, à inovação”.

José Manuel Marques apontou ainda que o mar é o “principal recurso” português e apelou para um esforço na “literacia associada ao oceano”.

“É uma grande janela de oportunidades, como foi há 500 anos”, sublinhou.

A Rede Mundial de Cidades Magalhânicas integra cidades que pertenceram à rota estabelecida pelo navegador português ou a ele estão ligadas factualmente, nos diversos continentes, entre as quais Lisboa, Sabrosa e Ponte da Barca (Portugal), Sevilha, Sanlúcar de Barrameda e Tenerife (Espanha), Ushuaia, Puerto de San Julián, Puerto de Santa Cruz e Governo Provincial da Terra do Fogo (Argentina), Praia (Cabo Verde), Punta Arenas (Chile), Catbalogan City e Cebú City (Filipinas), Tidore (Molucas – Indonésia) e Montevideu (Uruguai).