Caminho de Braga a Santiago assinala 2º aniversário da certificação pela Igreja

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As associações responsáveis pelo Caminho da Geira e dos Arrieiros destacam a apresentação do traçado em Braga e a inauguração do primeiro albergue público, em Caldelas (Amares), como alguns dos momentos mais importantes do projeto, que assinala no próximo domingo o 2º aniversário da homologação pela Igreja de Santiago de Compostela.

“A data mais importante coincide com a apresentação do traçado que fizemos em Braga, em 2017, porque deste então surgiram as iniciativas de divulgação e muitos peregrinos aventuraram-se no caminho”, recorda Abdón Fernandez, um dos fundadores do projeto e presidente da Plataforma Berán no Caminho.

O presidente da Associação Codeseda Viva, Carlos de Barreira, refere “a primavera de 2017, quando chegaram os primeiros peregrinos”, como a altura mais significativa. “Mas o melhor momento vivido, a cereja no topo do bolo de muitos anos de investigação, foi a certificação pelo arcebispado de Santiago de Compostela”, destaca.

“Um outro momento muito especial foi a inauguração do albergue de Caldelas. Este grande apoio ao caminho, vindo de uma autarquia portuguesa e por sua própria iniciativa, foi uma alegria difícil de explicar em palavras”, adianta Carlos de Barreira, contrapondo que “as maiores dificuldades aconteceram quando começaram a chegar bastantes peregrinos, há quatro anos, e faltavam sítios para comer, tomar banho e comer”.

Para Abdón Fernandez, “a grande afluência de peregrinos é a garantia do êxito” do Caminho da Geira e dos Arrieiros, “do seu reconhecimento, da sua importância e, como tal, não haverá já marcha-atrás no projeto”. Carlos de Barreira concorda: “A recuperação deste traçado deve-se ao trabalho dos peregrinos, que se tornaram os seus melhores embaixadores, fazendo que muitos outros aguardem a abertura das fronteiras para o percorrer”.

Na perspetiva do presidente da Associação Codeseda Viva, a adesão dos peregrinos deve-se “à tranquilidade sentida no caminho, bem como à sua beleza natural, com destaque para o Parque Nacional da Peneda-Gerês, onde o caminhante desfruta de um ambiente ideal”. A chegada direta a Santiago de Compostela, sem entrar noutras rotas, passando antes na ponte sobre o rio Ulla em Pontevea, “é outro fator destacado pelos peregrinos”.

O presidente da Plataforma Berán no Caminho é perentório: “É único no mundo por causa da Geira Romana, a que acresce um abundante património natural e construído, por exemplo em O Ribeiro [Galiza]”. Além disso, “abundam os recursos turísticos e as termas são muito relevantes, marcando o traçado (Caldelas, Lobios, Cortegada, Berán, Arnóia), parecendo indicar o caminho até Santiago de Compostela”.

Quanto à homologação do traçado pelas entidades civis, Carlos de Barreira revela que a documentação necessária foi apresentada ao Governo da Galiza, desde 2017, e que em abril de 2019 houve uma reunião com a Conselharia da Cultura. Em Portugal, o processo também já foi iniciado. “É um processo longo e, como tantos outros, também foi afetado pela pandemia”, explica.

Nesta altura, entre os objetivos da Associação Codeseda Viva contam-se a tradução do site e materiais informativos de espanhol para português e inglês – “um voluntário que o pudesse fazer seria uma grande ajuda”, diz Carlos de Barreira -, e completar a sinalização dos primeiros 60 quilómetros e dos últimos 110 quilómetros. A Plataforma Berán no Caminho também investe na sinalização, até porque a sua falta “evita que mais peregrinos façam o trajeto, embora qualquer um possa orientar-se por GPS”.

Por fim, Abdón Fernandez recorda como bons momentos a relação com a Associação Espaços Jacobeus, os encontros de peregrinos em Portugal e em Berán e o reconhecimento pela igreja, que foi “um ponto-chave” do projeto, mas não tem dúvidas: “Os melhores momentos que recordaremos ainda estão para vir”.

As comemorações do 2º aniversário da homologação do Caminho da Geira e dos Arrieiros pela Igreja de Santiago de Compostela foram adiadas, em princípio para abril, devido à pandemia que, entre outras razões, condiciona a circulação nas fronteiras luso-espanholas.