“Da linha da frente contra a pandemia para a fila do desemprego”

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Os trabalhadores do serviço de Imagiologia da Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM) vestiram-se de negro em frente à entrada do Hospital de Viana do Castelo em protesto contra a continuidade dos “atropelos laborais” que dizem estar a ser sujeitos devido à contratação de uma empresa de outsourcing. A vigília de protesto vai durar três dias e culmina com dois dias de greve no fim do mês. 

Os trabalhadores insistem na necessidade de internalizar o serviço na ULSAM e sentem-se injustiçados por terem estado na linha da frente no combate à pandemia e agora correrem o risco de serem descartados. O deputado do Bloco de Esquerda, José Soeiro, associou-se ao protesto e adiantou que a Administração da ULSAM e a ministra da Saúde serão ouvidos no Parlamento nos dias 30 e 31 de março.

“Da linha da frente para a fila do desemprego”, “o meu prémio covid foi ser despedido” e “200 horas mensais em plena pandemia e agora rua” são algumas das frases que se podiam ler nos cartazes que seguraram, esta terça-feira, mais de dez técnicos de radiologia da ULSAM. “Acima de tudo o que está aqui em causa é o posto de trabalho. É destes trabalhadores, por inerência, porque o ocupam há 14, 10, sete anos nesta instituição, nestas instalações e para esta comunidade. Para isto defendemos a internalização do serviço de Imagiologia na ULSAM. Não sendo possível, no imediato, a internalização temos de melhorar as condições de trabalho destes trabalhadores e essas passam, acima de tudo, pela parte remuneratória, pela estabilidade no contrato”, afirmou Diana Moreira, do Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica (STSS).

“A empresa aceitou a proposta que o sindicato fez para a realização de contratos por tempo indeterminado. Os recibos verdes e os contratos a termo têm de acabar. Alteraram ligeiramente a tabela salarial, mas há trabalhadores que estão aqui há 15 anos a quem deram 50 ou 100 euros de aumento. Quer isto dizer que estes trabalhadores recebem ilíquidos 750 a 800 euros. São trabalhadores que, na administração pública ganham, no mínimo, 1.205 euros por mês”, afirmou Diana Moreira.

A responsável adiantou que “o sindicato quer continuar a negociar com a entidade patronal esse valor remuneratório”, mas admitiu que “essa é a parte que está a ser difícil”. “Estes profissionais estão a ganhar pouco mais que o Salário Mínimo Nacional (SMN). Trabalham juntamente com outros colegas, com o mesmo curso, o mesmo grau de complexidade, a exercer as mesmas funções e a receber praticamente metade. Continuamos a chamar à mesa das negociações a Lifefocus, estamos a envolver a administração da ULSAM porque, efetivamente, é a parte interessada, porque é aquela que faz o garante da prestação de cuidados aos utentes de Viana do Castelo”, referiu. Diana Moreira garantiu que o sindicato está interessado em manter “aberta” a via do diálogo.

ULSAM e ministra ouvidas no Parlamento no fim do mês

O deputado do Bloco de Esquerda, José Soeiro, marcou presença no protesto e adiantou que a administração da ULSAM vai ser ouvida no Parlamento no dia 30, às 15:00, e a ministra da Saúde, Marta Temido, no dia 31, às 10:00. “Temos expectativa que até lá ainda possa haver algum pronunciamento, nomeadamente da tutela relativamente a este assunto, porque não nos parece aceitável que estes trabalhadores estejam colocados nesta situação de violação da lei do trabalho, no que diz respeito à transmissão de estabelecimento. Ao mesmo tempo precisamos de discutir a resolução estrutural do problema pela via da internalização”, afirmou José Soeiro, acrescentando: “a informação que tivemos é que a empresa não estava a garantir a transmissão de todos os trabalhadores. Entendemos que isso é uma ilegalidade e que aliás, já fundamentou noutros casos e por parte da entidade que contrata os serviços às empresas a denúncia do contrato por desrespeito à lei do trabalho.”