“Nunca houve tanto emprego no Alto Minho neste século”
O aumento das taxas de emprego e de atividade da população no terceiro trimestre do ano revela “uma importante resiliência e recuperação” da região Norte face aos efeitos negativos da crise pandémica, conclui o Norte Conjuntura. “Pese embora os efeitos negativos que a crise pandémica provocou, os dados atuais revelam uma importante resiliência e recuperação da região. Mais precisamente, a população empregada do Norte no 3.º trimestre de 2021 aumentou 4,2% face ao período pré-pandemia (3º trimestre de 2019)”, indica o relatório.
Elaborado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), o documento trimestral, que identifica as tendências que marcam a evolução económica a curto prazo na região, indica que a “retoma da atividade económica provocou uma melhoria nos indicadores do mercado de trabalho”. No 3.º trimestre de 2021, a população empregada do Norte aumentou 4,3% face ao período homólogo de 2020, o que se traduziu em mais 71.300 pessoas com emprego. Se comparado ao período pré-pandemia (3.º trimestre de 2019), este aumento refletiu-se em mais 69.800 empregados, o que representa um crescimento de 4,2%.
O “dinamismo” da economia do Norte no 3.º trimestre de 2021 provocou, também, um aumento das taxas de emprego, que se situaram em 76,4% no grupo etário dos 20 aos 64 anos, mais 3,4 pontos percentuais (p.p.) face ao período homólogo do ano transato. Segundo a CCDR-N, “este valor no Norte é o mais elevado do corrente século, encontrando-se acima da meta definida no Portugal 2020 (75%)”.
Dos 71.300 novos empregos no Norte, quase 70% (+49.400) foram criados por trabalhadores por conta própria, “uma evolução indicativa de que o dinamismo atual da economia estará a alavancar o crescimento de pequenos negócios”. Também numa trajetória ascendente, a taxa de atividade da população da região dos 16 ou mais anos aumentou em 2,2% para 59,7%, um crescimento da força laboral considerado “importante, numa fase em que as empresas do Norte voltaram a aumentar a procura de trabalho”.
No período em análise, o mercado de trabalho no Norte assistiu, porém, a uma evolução assimétrica do emprego por nível de escolaridade, com uma procura acentuada de trabalho mais qualificado. Segundo dados estatísticos do relatório, com base no INE, as populações empregadas com o ensino secundário (incluindo pós-secundário) e superior aumentaram em 11,7% e em 19,1%, respetivamente, e a população empregada com escolaridade até ao 3.º ciclo do ensino básico sofreu um decréscimo de 10%.
Por setor económico, a conjuntura no 3.º trimestre de 2021 promoveu o crescimento do emprego nos principais ramos de atividade do setor dos serviços do Norte, com destaque para a educação, que registou um aumento de 32,8% de população empregada, traduzindo-se na criação líquida de 41 mil postos de trabalho no espaço de um ano.
Já por categorias profissionais, o número de especialistas das atividades intelectuais e científicas do Norte atingiu o valor de 422,2 mil no 3.º trimestre de 2021, refletindo um crescimento de 20,0% face ao trimestre homólogo do ano anterior. Esta classe profissional já representa 24,4% do emprego total do Norte, sendo a categoria que emprega mais pessoas na região.
Para a CCDR-N, a crise pandémica e as suas transformações – como a digitalização da economia e da sociedade no seu conjunto – terão contribuído para reforçar a procura de especialistas pertencentes a atividades intelectuais e científicas do Norte. A par do crescimento das taxas de emprego e da atividade da população registado no último trimestre do ano, o desemprego diminuiu em todas as sub-regiões do Norte face ao período homólogo de 2020, tendo as maiores reduções ocorrido no Alto Minho, Cávado, Ave, Tâmega e Sousa e Terras de Trás-os-Montes.
Numa análise global da região, a taxa de desemprego no Norte baixou de 6,3% para 6,2% entre o 2º e o 3º trimestres de 2021, situando-se num valor muito próximo ao de Portugal (6,1%) e já abaixo do valor anterior à crise pandémica. Em termos comparativos, a taxa de desemprego no Norte era de 8,1% no trimestre homólogo de 2020 e de 6,8% há dois anos (3.º trimestre de 2019).
A demonstrar a recuperação da região, as exportações e as importações de bens do Norte aumentaram 6,5% e 18,8%, respetivamente, em relação ao trimestre homólogo de 2020, com o crescimento nas trocas comerciais de bens também observado na comparação com o período anterior à crise pandémica.
E se as exportações de bens de capital registaram uma diminuição homóloga de 6,2% em relação ao 3º trimestre de 2020, as de bens intermédios e de bens de consumo cresceram 8,1% e 7,7% respetivamente.
Por sub-regiões, o aumento homólogo foi mais acentuado no Alto Tâmega (+26,3%), Ave (+13,7%), Tâmega e Sousa (+12,1%) e Área Metropolitana do Porto (+8,2%). Em comparação com um período anterior à crise pandémica, a maior parte das sub-regiões do Norte recuperaram o valor observado há dois anos.