Comédias do Minho estreiam em Valença peça que vai percorrer o vale do Minho

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As Comédias do Minho estreiam o espetáculo de teatro “[Estávamos] para lá do tempo”, no dia 15 de janeiro, no auditório da Escola Superior de Ciências Empresariais, em Valença. 

O espetáculo é o resultado de um processo de criação colaborativo que se iniciou em setembro de 2020. O atual contexto pandémico levou a sucessivos adiamentos da estreia, que foi reagendada para dia 15 de janeiro de 2022, em Valença. Até 25 de fevereiro, a peça vai percorrer os municípios de Monção, Vila Nova de Cerveira, Melgaço e Paredes de Coura.

Com dramaturgia e encenação de Tânia Guerreiro, atriz e criadora residente do Teatro do Vestido, o espetáculo foi criado a partir do universo literário de Álvaro Laborinho Lúcio – jurista, político, professor e romancista. “Sou um jovem escritor com um longo futuro atrás de mim”, afirma.

Em “[Estávamos] para lá do tempo” colocam-se em cena rememorações fragmentadas da vida de um homem, fazendo dialogar a verdade com a fantasia dessas memórias. Explora-se a forma única como cada um grava em si camadas de realidade e ficção e como as transporta para o encontro com o outro. 

A encenadora aposta numa estrutura narrativa fragmentada, composta por várias histórias, a que se juntam múltiplas camadas visuais e sonoras – tocam-se para explorar a possibilidade de o passado individual atravessar o presente e, com ele, continuar pelo futuro. 

“Este espetáculo debruça-se muito sobre a memória. Aquilo que lembramos é, ou não, parte real da nossa história? Se nos lembramos é porque é real, mas pode não ter acontecido realmente assim. Mas essa memória, entre fantasia e a realidade, faz parte de nós. Constitui-nos. Cada um lembra o que viveu de uma forma única. E, por isso, o espetáculo também se relaciona muito com a construção da identidade. Quem somos nós e como é que nos podemos encontrar? Penso que só nos encontramos através do encontro com o outro”, explicou Tânia Guerreiro.

Magda Henriques, responsável pela direção artística das Comédias do Minho, refere a importância deste espetáculo para abordar a questão da verdade. “Com esta nova criação da companhia, exploramos a impossibilidade da posse da verdade, porque ela está para além dos factos. E a ideia de verdade está intimamente ligada a uma ideia de justiça. Pensar a complexidade de uma é pensar a complexidade da outra”, disse. Com este espetáculo, as Comédias do Minho encerram um ciclo de quatro anos de programação em torno de uma ideia de justiça, trabalhada a partir da diversidade de olhares e de múltiplos caminhos.