Quatro jovens vianenses levaram bens até à Polónia e trouxeram 14 refugiados
Dylan Fonte, Thomas Esteves, Rui Oliveira e José Pedro Caldas são quatro jovens vianenses que partiram de Viana do Castelo com duas carrinhas cheias de bens essenciais, roupa e medicamentos numa missão voluntária e solidária em direção à Polónia e no regresso trouxeram 14 ucranianos, entre os quais estavam quatro crianças e dois idosos, que fugiram à guerra.
Em cerca de quatro dias, estes quatro jovens, dois de Viana do Castelo e dois de Ponte de Lima, percorreram mais de 6000 quilómetros e à chegada a Viana do Castelo notava-se que estavam cansados, mas a sorrir, satisfeitos por terem ajudado 14 pessoas a escapar da guerra entre a Rússia e Ucrânia.
À espera destes refugiados, mesmo junto à futura Praça Viana, estavam familiares de vários pontos do país. Entre os familiares, havia uma ucraniana já estabelecida em Portugal há 10 anos que foi buscar a sua sobrinha para levar até Lisboa, outro ucraniano foi buscar cinco familiares para levar até Leiria e um empresário português de Vila Nova de Gaia foi buscar uma familiar de uma funcionária. A comunicação durante as longas horas da viagem foi feita com recurso ao tradutor da internet porque os refugiados não sabiam falar inglês nem os vianenses sabiam falar ucraniano. “Um dos miúdos que veio connosco descobriu o meu Instagram e começou a mandar-me mensagens. Eu escrevia a mensagem no tradutor e respondia outra vez pelo tradutor”, explicou José Pedro, limiano de 22 anos.
A ideia desta aventura surgiu numa viagem de carro de Dylan Fonte, 25 anos. “Perguntei no nosso grupo se alguém alinhava ir comigo até à Polónia se eu arranjasse duas carrinhas para a viagem. Eles disponibilizaram-se logo para vir comigo”, contou Dylan que conseguiu as carrinhas através da empresa do pai, AutoSantoinho. “Iniciamos a recolha de bens que teve logo adesão e as pessoas deram-nos comida, bens essenciais para crianças, produtos de higiene, medicamentos”, continuou o jovem que contou também com o apoio e orientação de amigos ucranianos para a viagem e para a chegada à Polónia. “O contacto que a minha colega me passou estava mesmo no centro de refugiados e foi quem me disse a quem deveríamos entregar os bens para termos a certeza de que iriam para a Ucrânia. Em relação às pessoas que trouxemos, foi através das redes sociais que começaram a entrar em contacto comigo, mas foi muito complicado porque as pessoas não confiam facilmente”, contou. No grupo de refugiados que trouxeram até Viana do Castelo estava uma mãe e filha que os quatro amigos encontram na estação de comboio. “Elas estavam a dormir na estação de comboio na Polónia e pediram-nos muito para as trazermos. A meio da viagem, a mãe disse-nos que não tinha onde ficar em Portugal porque não tem cá ninguém. Agora, ofereci-me para ela ficar na minha casa uns dias até conseguirmos arranjar-lhe uma solução”, contou Dylan.
O jovem vianense garante que repetiria esta aventura se lhe pedissem. “Custou muito, mas saber que as pessoas têm algo melhor aqui à espera delas compensa”, concordou Rui Oliveira, também de 25 anos. “Adorei este momento ao ver que as pessoas estavam tranquilas por terem chegado bem e com os familiares à espera”, concluiu Dylan.