“Portugal não tem capacidade orçamental para tudo o que o Alto Minho necessita” 

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Um estudo da CCDR – Norte apresentado em Melgaço prevê um investimento de 145 milhões de euros no reforço das ligações rodoviárias entre o Alto Minho e a Galiza, mas o ministro das Infraestruturas apelou à “definição de prioridades”.

O documento, com 50 páginas, entregue em dezembro às Câmaras Municipais de Melgaço, Monção e Valença, e que prevê, entre outras obras, a construção de uma nova ponte internacional sobre o rio Minho, entre Monção e a Galiza, foi apresentado por Raquel Meira da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N).

A responsável, que falava durante a conferência “Desafios da Cooperação Transfronteiriça, Conectividade e Acessibilidade Territorial: Qual o posicionamento do território do Alto Minho?”, que decorreu em Melgaço, na presença do ministro das Infraestruturas, disse que a construção da nova travessia, estimada em 50 milhões de euros, é a obra “mais robusta, em termos financeiros, das três que constam do plano” de investimento em acessibilidades naquela região transfronteiriça.

Além da travessia, o plano das grandes infraestruturas rodoviárias que permitirão potenciar o investimento na rede ferroviária de alta velocidade, entre o Porto e Tui, prevê ainda a construção de uma nova estrada do prolongamento da A28 entre Caminha e Valença, no valor de 45 milhões de euros, de uma variante em Valença(15 milhões), e outra em Monção (cinco milhões).

Contempla também a beneficiação da Estrada Nacional (EN) 202, entre Monção e Melgaço (São Gregório”, orçada em 30 milhões de euros, da EN 101, entre Valença e Monção (10 milhões de euros)  e do Itinerário Complementar 28 (IC28) até fronteira da Madalena, no Lindoso, Ponte da Barca, num investimento de 25 milhões de euros, sendo considerada a única porta de entrada do Alto Minho à província de Ourense, na Galiza, prevista há mais de uma década.

Segundo a responsável, o impacto económico da construção daquelas vias está estimado “em 120 milhões no Produto Interno Bruto (PIB) da região, sendo mais evidente no território, mas também em distritos vizinhos”.

As estimativas, elaboradas pela faculdade de Economia da Universidade do Porto, aponta para “benefícios diretos” de 123 milhões de euros, calculados a “valores à data de hoje” com a redução do tempo das viagens que essas estradas irão permitir.

Quanto à diminuição da sinistralidade, os cálculos apontam para benefícios na ordem dos 114 milhões de euros e de poupança energética, de 64 milhões de euros.

“A totalidade dos projetos de infraestruturas rodoviárias totalizam 300 milhões euros de benefícios diretos, ao longo de 25 anos, com valores à data de hoje”, frisou Raquel Meira na conferência promovida pela Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho.

Pedro Nuno Santos enalteceu “o contributo muito importante que a CIM e a CCDR-N” dão ao Governo com o estudo, mas apelou à necessidade de “definir prioridades”.

“São necessidades muito maiores do que a capacidade orçamental do país e aqui é que as coisas começam a complicar. Não quero dizer que não se pode fazer mais nada, mas o rol é grande e o que temos de fazer, em conjunto, é definir prioridades. Não conseguindo fazer tudo de uma vez, há traçar prioridades e, para isso, existem as CIM”, disse.