“Milagre” do Festival de Paredes de Coura vai ter a edição “mais bonita de sempre”

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Diana Gonçalves (c/LUSA)

 

O 28.º Festival Vodafone Paredes de Coura, no distrito de Viana do Castelo, vai ser a edição “mais bonita de sempre” com mais um dia de cartaz, sem aumentar o preço do bilhete, conta a organização.

“Vai com toda a certeza ser uma edição memorável. Estamos no terreno há cerca de um mês e duas semanas. Empenhadíssimos. É a edição mais bonita de sempre. Disso não tenho dúvidas rigorosamente nenhumas. Estamos a ser ainda mais precisos no pormenor. Ainda mais piegas nos pequenos apontamentos”, disse à agência Lusa o diretor do Festival Paredes de Coura, João Carvalho, e um dos fundadores do evento que arranca na próxima terça-feira, dia 16 de agosto.

Em entrevista à Lusa sobre as expectativas da organização para um festival que esteve dois anos à espera de poder realizar-se, por causa das restrições da pandemia da covid-19, João Carvalho afirma que são “muito boas” e uma prova disso é que hoje, no dia da entrevista, a organização lançou a venda dos últimos passes gerais.

“Estão praticamente a esgotar, assim como os bilhetes diários para o dia 17 e 20 de agosto”, revelou.

O festival arranca no dia 16, e são cinco dias de festival. Cinco dias de palco principal.

“Acrescentámos um dia dedicado à música portuguesa. Um dia extra, precisamente, porque somos sensíveis a tudo o que se passou durante estes dois anos [de pandemia e confinamentos]. Foram muitas bandas que não tocaram, muitos técnicos que não trabalharam. Mesmo nós, passando pelo mesmo e estando privados de trabalhar durante dois anos, com poucos subsídios – poucos ou nenhuns, porque infelizmente não se tem olhado com grande carinho para a cultura. Resolvemos [por isso], à boa maneira do Festival de Paredes de Coura, injetar mais um bocadinho de ternura e aumentar ainda mais o orçamento, e fazer este dia extra sem aumentar o preço do bilhete”, explicou João Carvalho.

Este ano, o campismo vai apresentar-se melhorado, maior e com mais casas de banho ligadas à rede pública, e as zonas de descanso e de alimentação também foram “melhoradas”, referiu João Carvalho, considerando que este é o “festival da ternura” e do “abraço”, onde as pessoas se reencontram e “mais gostam de ouvir música em Portugal, em permanente contacto com a natureza”.

Questionado sobre qual a chave do sucesso dum festival no interior Norte de Portugal, onde tudo é mais difícil de acontecer, João Carvalho refere que fazer o Paredes de Coura no meio do interior do Alto Minho é um “milagre”.

“Fazer este festival no meio do interior e ter o impacto que ele tem na forma como se ouve música em Portugal, ser o festival que mais bandas trouxe pela primeira vez a Portugal, estando no interior do Alto Minho é realmente um milagre, (…) porque é tudo muito mais caro, porque não há habitação, porque não temos mais nenhum festival nas mesmas datas na Europa. Portanto programá-lo é uma coisa complicada, montá-lo, mais complicado ainda. É mais caro que qualquer outro festival, ainda por cima, num terreno íngreme”.

Para João Carvalho, a história de sucesso absoluto desde 2011 do Paredes de Coura relaciona-se também com a “ternura” e o “carinho” pelos visitantes e a “transparência”.

“Tem sido o cuidar do pormenor, o cuidar das pessoas. As pessoas a repararem que todos os anos fazemos mais alguma coisa pela sua comodidade”. E claro que essa transparência também é importante, porque houve anos em que, “não conseguindo grandes cabeças de cartaz, fomos honestos com o nosso público”.

“Este é provavelmente o festival do país de que as pessoas mais conhecem a história. Normalmente há uma tendência para esconder os insucessos e só falar dos sucessos. Eu falo dos insucessos, das edições em que choveu imenso, das edições que deram prejuízo, das edições que nos levaram a acabar com o festival e hoje isto é um milagre”, acrescentou o diretor.

João Carvalho classificou como “incrível” o cartaz deste ano, considerando que é o cartaz “mais equilibrado de toda a história do festival”.

O diretor do evento destacou, por exemplo, The Blaze, por serem “uma referência da música eletrónica atual”, os Porridge Radio, cujo último álbum, Every Bad, foi indicado como um dos 12 álbuns de 2020 do Hyundai Mercury Prize, Arlo Parks, “que é uma das grandes artistas da atualidade, os L’Impératrice, por serem uma banda que funciona muito bem ao vivo, ou a banda Turnstile, uma das bandas do momento e capa de tudo o que é revista de música”.

“É o cartaz [que], provavelmente, mais me chama à frente de palco”, confessa.