“Miguel Alves traiu população de Caminha em troca de um cargo de boy socialista”

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A distrital do PSD de Viana do Castelo reagiu de forma “cáustica” à nomeação de Miguel Alves como secretário de Estado Adjunto de António Costa, considerando que o autarca “traiu a população de Caminha em troca de um cargo de boy socialista”.

Num comunicado em que começa por felicitar Miguel Alves pela nomeação, a distrital laranja, liderada por Olegário Gonçalves, acusa Miguel Alves de abandonar “a autarquia de Caminha e as promessas feitas, devido às suas ambições políticas”.

A saída de Miguel Alves para o Governo obrigou a uma reformulação no executivo municipal de Caminha que passará a ter Rui Lages como presidente da Câmara. João Pinto, que ocupava a o quinto lugar na lista socialista, assumirá a função de vereador. As tomadas de posse do novo presidente e vereador realizar-se-ão na próxima quarta-feira, durante a reunião de Câmara.

“É caso para dizer que a verdade é como o azeite, vem sempre ao de cima. Apesar de Miguel Alves ter sempre propagado o seu amor a Caminha, a ideia que sempre circulou no concelho de Caminha era a de que o cargo de autarca iria servir como catapulta para outros voos. Os rumores acabam de se confirmar”, lê-se no comunicado do PSD do Alto Minho que recuperou várias declarações de Miguel Alves “a manifestar a sua determinação em continuar a servir Caminha”.

“Tendo em conta todas estas declarações, a população de Caminha foi fortemente defraudada. Em troca de um cargo de “boy” socialista, Miguel Alves abandonou, nem um ano depois, o concelho. As promessas que tinha como basilares são agora de menor importância. Não se queixe o PS que a população caminhense, que merece respeito, castigue quem se vangloria de palavra dada e não a cumpre”, alertou a distrital do PSD.

A concelhia do PSD de Caminha acusou Miguel Alves de “não ter falado a verdade” aos eleitores quando se candidatou nas mais recentes eleições autárquicas. O PSD de Caminha considera que o autarca “sabia que não iria assumir o mandato até ao fim e que só estava para tentar ganhar as eleições, porque sabia que pelo seu número dois na lista à câmara não o conseguiria”. “Agora as pessoas terão como presidente não a pessoa em quem votaram para presidente, mas simplesmente o terceiro elemento mais votado no concelho. Uma vez que a segunda mais votada no concelho de Caminha foi a candidata Liliana Silva, pela coligação o Concelho em Primeiro, da qual o PSD fez parte”, atirou a concelhia, deixando “votos de bom trabalho ao futuro secretário de Estado”.

“Lamentável e desonesto”

Também o Bloco de Esquerda de Caminha se associou às críticas do PSD e lamenta “o facto dos compromissos assumidos não serem cumpridos”. “Também não podemos deixar de considerar, não só lamentável, mas desonesto, quando tais compromissos são assumidos publicamente e são colocados perante o escrutínio do voto de todos os munícipes”, refere a Comissão Concelhia do Bloco de Esquerda de Caminha, em comunicado. “A maioria dos eleitores do concelho de Caminha foram enganados, porque votaram no projeto apresentado por Miguel Alves, julgando que o mesmo honraria o mandato que o povo lhe conferiu, apesar dos alertas em sentido contrário que o Bloco de Esquerda divulgou”, acrescentam os bloquistas que incitam mesmo os restantes vereadores socialistas a pedir demissão. “Perante esta aldrabice eleitoral, impõe-se que os demais eleitos do Partido Socialista honrem agora a vontade dos eleitores quando elegeram a equipa ora desfeita e se demitam também, concedendo a palavra ao povo do concelho de Caminha para que se possa pronunciar sobre quem deve dirigir o destino deste concelho, designadamente, elegendo agora gente que, com honestidade, saiba honrar, com responsabilidade e verdade, os compromissos com que se apresenta”, lê-se no comunicado.