Distinção da EDP com medalha de honra “ilumina” nova polémica em Ponte da Barca
A Câmara de Ponte da Barca vai atribuir a medalha de honra municipal à EDP, mas o PS opõe-se, por considerar que “nas últimas décadas” a empresa “não tem respeitado o concelho e a população”.
“Entendemos que a EDP nas últimas décadas não tem respeitado o concelho de Ponte da Barca e a sua população. Os imóveis propriedade da EDP estão num estado de absoluto abandono e falta de conservação”, referem os três vereadores do PS na Câmara de Ponte de Barca, em comunicado hoje enviado.
Na nota, os vereadores socialistas Pedro Lobo, Irene Dantas e Fernanda Marques, que em reunião camarária na quinta-feira votaram contra aquela distinção, argumentam ainda que “a EDP não tem apoiado as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) do concelho, nem tem compensado as freguesias pelas consequências negativas das barragens e da passagem de quilómetros de linhas elétricas de elevada tensão”.
“Por outro lado, os altos ganhos gerados pela produção hidroelétrica não se têm refletido no desenvolvimento e na melhoria da qualidade de vida na nossa terra”, frisam os vereadores do PS.
O vice-presidente da Câmara de Ponte da Barca, José Alfredo Oliveira, disse que a atribuição da medalha “visa assinalar uma relação de 100 anos de produção hidrelétrica no concelho, que moldou a comunidade, a história do concelho e alterou a realidade da produção hidrelétrica na região norte do país”.
“A tecnologia que então foi sendo instalada deu origem, mais tarde, no início da década de 90 àquela que é hoje uma das maiores centrais produtoras de eletricidade da Península Ibérica, que é a central do Alto Lindoso”, sustentou José Alfredo Oliveira, em representação do presidente Augusto Marinho, ausente do país.
Já para o PS, a aprovação pela maioria PSD daquela distinção, entre outras que vão ser atribuídas por ocasião das comemorações do dia do município e que mereceram o voto favorável dos socialistas, não “assinala adequadamente” os 100 anos de exploração hidrelétrica em Ponte da Barca.
“Entendemos que para se assinalar adequadamente os 100 anos do início de exploração da Electra del Lima se deveria reconhecer com uma medalha de honra do município o contributo das populações do nosso concelho, designadamente das freguesias de Lindoso e Britelo, para o desenvolvimento industrial de todo o Norte de Portugal”, referem.
Na reação, José Alfredo Oliveira disse que a autarquia pretende “assinalar a relação, a dinâmica económica e social que se criou ao longo destes 100 anos, e todo o investimento que foi feito ao longo do tempo”.
“Assinalar a marca que Ponte da Barca tem no contexto da produção hidrelétrica em Portugal e que, na altura, gerou uma grande dinâmica económica, fazendo com que muitas pessoas tivessem acesso a melhores condições de vida. Muita gente trabalhava na central naquela época”, sublinhou.
O vice-presidente da autarquia disse que o executivo municipal “pretende ter a melhor relação com a EDP” e lamentou que “o PS, ao longo de todos os mandatos que cumpriu no executivo municipal, nunca tenha olhado, verdadeiramente, para uma relação de maior proximidade com a EDP, numa vertente de apoio à comunidade, às instituições e à própria autarquia”.
“Hoje, nós estamos a empreender com a EDP novos mecanismos de apoio, através dos equipamentos que a empresa tem no concelho, e estamos certos de que esta relação não é apenas de passado, mas será seguramente uma relação de futuro. Estamos a trabalhar, em conjunto, no reaproveitamento de muitos dos equipamentos que a empresa tem no concelho e que, neste momento, não estão em funcionamento”, especificou.
Segundo José Alfredo Oliveira, a “intenção do município é reaproveitar muitos desses equipamentos para os colocar ao serviço das comunidades onde a produção hidrelétrica tem mais impacto, nomeadamente nas freguesias do Lindoso, Britelo, Entre-Ambos-os-Rios e Touvedo”.
“São muitos equipamentos que a EDP construiu, desde cinema, teatro, posto médico, piscinas, campos de ténis, entre outros. Estamos a encetar com a EDP a possibilidade de o município, em parceria com a empresa, poder dar nova vida a estes equipamentos em benefício das comunidades destas freguesias, reaproveitando-os para várias valências, em função das necessidades”, especificou.