Cerveira acolhe “imigrantes jovens e com escolaridade muito, muito elevada”

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O concelho de Vila Nova de Cerveira tem cerca de 800 imigrantes, oriundos de 23 países, sobretudo da região do Índico, a maioria são homens, ainda jovens, com “elevada” qualificação e que pretendem fixar-se no concelho.

“É importante sublinhar que estamos perante um grupo de imigrantes jovem, masculino e com escolaridade muito, muito elevada. Temos um elevado número de licenciados, mas também temos alguns mestres. É importante dar atenção a este grupo de imigrantes pela importância que eles podem ter para a nossa comunidade”, afirmou o professor da Universidade do Minho José Cunha Machado.

José Cunha Machado, responsável pelo diagnóstico da população imigrante residente naquele concelho do distrito de Viana do Castelo, adiantou que apesar “das dificuldades e constrangimentos” na recolha dos dados, através de inquérito, em que participaram as Juntas de Freguesia e os escuteiros, o “número mais próximo da realidade é de cerca de 800 imigrantes”.

“Não sendo possível determinar com exatidão qual é a dimensão da população imigrante residente em Vila Nova de Cerveira, poder-se-á estimar que esta já poderá estar acima da registada nos Censos 2021 (entre os 750 e 800), correspondendo a um crescimento superior a 20%”, refere o estudo.

Cerca de 70% “são oriundos da Índia, do Paquistão, do Bangladesh”, sendo que “continuam a existir muitos brasileiros, mas já constituem a comunidade principal”.

O responsável referiu que, entre “as grandes dificuldades” com que se debate esta comunidade está “o alojamento, a preços razoáveis”, e também o emprego, encontrando sobretudo soluções “temporárias”.

Ao nível dos apoios que são disponibilizados pelo município, o autor do diagnóstico disse que os imigrantes se “sentem muito satisfeitos”.

“Foram muito acolhidos, tem relações de vizinhança muito interessantes”, disse, acrescentando que “definem como meta de médio a longo prazo ficarem em Vila Nova de Cerveira”, concelho que foi a primeira opção quando deixaram os seus países.

Segundo o diagnóstico apresentado publicamente, na quarta-feira, e com base “nos resultados provisórios dos Censos 2021, na comparação entre a população residente em 2011 e 2021, verifica-se que os residentes estrangeiros subiram de 278 em 2011 para 607 em 2021, correspondendo a uma variação de aproximadamente 120%, ou seja, mais que duplicou”, sendo que aqueles dados “registam um maior aumento da população residente proveniente de países fora da União Europeia”.

A “União das Freguesias de Campos e Vila Meã, pela sua maior oferta de trabalho na área industrial, lidera inequivocamente com 45% do total da população residente de nacionalidade estrangeira (274 residentes)”.

Segue-se, “com exatamente metade da população estrangeira residente, a União das Freguesias de Vila Nova de Cerveira e Lovelhe, sede do município, conta com 137 residentes”.

Em “contrapartida, as freguesias situadas no espaço mais interior do território cerveirense registam um número reduzido de estrangeiros residentes”, sendo que na União de Freguesias de Candemil e Gondar, Sopo, Mestrestido e Sapardos não chegam à dezena”.

A “população imigrante residente no concelho de Vila Nova de Cerveira é maioritariamente do sexo masculino (62,1%), com maior representatividade nas idades compreendidas entre os 20 e os 39 anos (52,3%), embora 64,7% tenham idades compreendidas entre os 20 e os 49 anos. Por seu lado, as crianças e jovens (com idades inferiores a 20 anos) representam 20% da população imigrante, enquanto os imigrantes com idade igual ou superior a 60 anos correspondem a apenas 9,7%”.

O principal motivo invocado pela “larga maioria dos imigrantes para saíram do seu país de origem é, indubitavelmente, a procura da melhoria das condições de vida, seja por questões económicas, de segurança ou de criminalidade”.

A razão da escolha por Portugal prende-se com “a existência de oportunidade de trabalho, em alguns casos já com propostas de trabalho, associada ao facto de já cá residirem familiares e amigos, são as razões principais para a escolha ter recaído sobre Vila Nova de Cerveira”.

O “conforto com a natureza, a tranquilidade, o clima, a proximidade ao rio, à montanha e ao mar, a qualidade de vida e o fácil acesso ao comércio”, são razões que “também contribuindo positivamente para esta opção”.

Após a realização deste diagnóstico vai ser possível à autarquia definir, de uma forma mais estratégica e alinhada com as reais necessidades, novas Políticas Locais de Integração de Migrantes, nomeadamente, a criação de uma Equipa de Mediação Municipal e Intercultural e a criação de um Plano Municipal de Integração de Migrantes que deverá estar pronto no 1.º semestre de 2023 para que possa ser candidatado ao Alto Comissariado para as Migrações.