Teatro do Noroeste mata saudades da “Casa do Rio”
O Teatro do Noroeste – Centro Dramático de Viana vai estrear no dia 6 de Dezembro, dia do aniversário da companhia, a peça “A Casa do Rio 2”, a continuação da comédia que estreou em 2013 e marcou a comunidade vianense durante mais de uma dezena de lotações esgotadas. Com texto e encenação de Ricardo Simões, a peça, que está a encerrar o ciclo de comemoração 30 Anos de Futuro, chama a atenção para a necessidade de cuidar dos mais velhos.
A peça, em cena até 18 de Dezembro, é a continuação da saga da divertida família de Narciso e Elsa Teles, agora mais centrada na sua filha e genro, e dos habitantes da pacata localidade junto ao rio que, quem sabe, pode ser o Lima.
Raquel Amorim, da direção da companhia e uma das actrizes do elenco de honra, volta a interpretar o papel de Elsa Teles. “Apesar de terem passado nove anos é como se tivesse sido ontem. É muito bom trabalhar com estas pessoas maravilhosas”, assegurou a actriz, satisfeita por rever as caras da peça criada há quase uma década por Ricardo Simões. “O regresso da Casa do Rio também nos desperta para algumas questões que nos afectam quando ficamos mais velhos. Esta Casa do Rio vai deixar-nos a pensar na necessidade de haver cuidadores das pessoas mais velhas”, acrescentou.
“A Casa do Rio 2” conta com 14 intérpretes, entre profissionais e integrantes do ATIVAsénior, os mesmos que há nove anos estrearam a peça original. O elenco vai dos 24 até aos 92 anos, com Alice Vasconcelos, Ana Perfeito, Ana Sousa, Antonieta Brito, Armanda Santos, Filomena Alves, Guisete Parente, José Escaleira, José Loureiro, José Sousa, Luísa Alfaro, Raquel Amorim e Tiago Fernandes. O elenco teve uma baixa com a morte inesperada de Alcina Cruz que fazia parte desde o início da oficina ATIVAsénior. “Mas nós sentimo-la todos os dias connosco porque ela continua no nosso espetáculo e connosco. O papel dela continua”, garantiu Raquel Amorim.
O encenador Ricardo Simões confirmou que a peça pode ser enquadrada numa geografia como o vale do Lima, “numa casa de campo para onde vêm umas pessoas da capital e onde existe uma associação cultural com umas senhoras de alguma idade”. “O desafio em 2013 foi fazer um espetáculo de celebração dos 20 anos da companhia, quando uma nova equipa directiva tinha assumido funções, depois de ter sido perdido o apoio governamental”, recordou o encenador e director artístico da companhia. A primeira Casa do Rio foi também o momento para mostrar ao público o projecto ATIVASénior ao integrar um espetáculo com actores profissionais. “Foi fantástico porque tivemos lotações esgotadas consecutivas com mais de 300 espectadores. Quando acabou ficou sempre a saudade e tivemos agora a ideia de fechar este ciclo de comemoração de 30 anos da mesma forma como começamos, com a dádiva destas pessoas que vêm para aqui dar o melhor de si e nos adoptaram como seus amigos e nos ajudaram e ajudam todos os dias como uma família”, explicou o encenador, confirmando que agora o ónus da narrativa recai mais no casal da segunda geração que é confrontado com a realidade de cuidar dos mais velhos. “É uma comédia para toda a família nesta altura do Natal, que nós divertimo-nos muito a fazer e esperamos que as pessoas também se divirtam porque vão-se reconhecer. Toda a gente tem uma avó, sogra, tio ou pai que tem de cuidar e todos nós temos vidas muito ocupadas”, referiu.
José Escaleira, actor que faz de Narciso Teles, corroborou a mesma opinião. “A temática da primeira peça era diferente desta. Agora aborda mais o papel dos filhos. Há 50 anos esta peça nunca se faria porque não havia actores com idade tão elevada nem a sociedade tinha os problemas que tem hoje. Agora, sabemos que há o problema da solidão, dos cuidadores, dos lares. Esta peça vem no momento certo, assim como o teatro acompanha a evolução da sociedade”, afirmou o actor do elenco de honra.