Capela de São João (Ponte de Lima): A “Fénix” Obra de Arte da arquitetura religiosa renascida das cinzas

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Rui Manuel Marinho Rodrigues Maia
Licenciado em História, Mestre em Património e Turismo Cultural pela Universidade do Minho – Investigador em Património Industrial.

A primitiva Capela de São João localizava-se nas cercanias do atual Largo e Fonte de São João, junto à extinta Torre de São João. O Santo casamenteiro era venerado por aquelas bandas, até um incendio consumir a primitiva Capela, poupando-lhe pouco mais do que algumas imagens. Mais tarde, com a demolição da Torre de São João, a primitiva Capela seguiu-lhe o destino. Todavia, aos 9 dias de abril de 1863, quis a vontade do Homem construir a Capela num outro local – a Capela de São João acabaria por ser construída ao fundo da Alameda, com o mesmo nome, na margem esquerda do rio Lima. A cantaria utilizada na nova Capela encontra a sua proveniência na primitiva Capela, na Torre de São João e na antiga Muralha. A atual Capela de São João foi dada por concluía em 1867, e aos 16 dias de junho desse mesmo ano o espaço foi benzido. A Capela de São João, caracterizada pela sua forma octogonal, com o seu telhado de oito águas, possui apenas um Altar, cuja talha merece a maior das atenções, pelo seu requinte e riqueza. A construção da atual Capela ficou a dever-se ao benemérito Agostinho José Taveira que, apesar de ser de Ponte da Barca, tornou-se limiano por escolha própria. O benemérito promoveu o empreendimento e acompanhou a edificação da Capela. As verbas para a sua construção foram obtidas através de peditórios, quer em Portugal, quer no estrangeiro. No século passado, João Rodrigues de Morais, ofereceu para a Capela o Cristo que hoje nela se venera, atendendo a que o primitivo ficou muito danificado pelo incendio. Na década de 40 do século XX passou-se um período em que a festa de São João não se realizou e, a Capela já de si bastante degradada, pela força das raízes das tílias ali existentes, que provocaram imensas fissuras, mais degradada se tornou. A fim de solucionar os problemas, em meados do século XX foi constituída uma Comissão com o intuito de angariar os fundos necessários, bem como os materiais para recuperar o espaço. A Comissão era composta por João Varela, João Martins, Adolfo Morais e Armindo Maravilha. Em 1953 realizaram-se as obras, tendo-se optado pela retirada das tílias e pela colocação de oliveiras em seu lugar – tal qual hoje conhecemos. Mais tarde, com o passar dos tempos, dado que aquela zona era bastante frequentada, constataram-se abusos que foram danificando o espaço, pelo que se procedeu à colocação de uma grade. Mais uma vez, as verbas para a construção da grade frontal apenas foram possíveis pela boa vontade de Antónia “petiscas” (cujo nome figura na grade); ela era proprietária de uma Casa de Pasto da vila limiana, que depressa conseguiu as verbas através dos seus clientes – os gradeamentos laterais foram colocados mais recentes.

 

 

Agostinho José Taveira

Ponte da Barca (22.06.1808)

Ponte de Lima (11.09.1888)