Pelo menos chove!
Álvaro Queirós # opinião
A entrada em 2023 traz com ela uma série de aumentos do custo de vida, e algumas notícias e projeções atiram o poder de compra para dados de 2014! São dados preocupantes porque revela que os aumentos de salários propostos não acompanham nem de perto nem de longe a inflação. Os aumentos mais significativos são nos bens essenciais, energia, rendas e empréstimos à habitação, o que pode colocar muitas famílias em precariedade económica. Nem os apoios extraordinários de 240€ anunciados pelo governo, às famílias mais vulneráveis, podem sequer mitigar as dificuldades trazidas por 2023!
Aqui ao lado, em Espanha, o governo liderado pelo Socialista Pedro Sánchez optou por baixar para 0% o IVA de produtos essenciais, como o pão, leite, frutas e legumes, medida esta que alguns “especialistas” nacionais entendem que por cá não traria os efeitos desejados, dando a entender que os empresários portugueses seriam desonestos e que o preço ao consumidor final não baixaria, aumentando sim a margem de lucro das empresas. Ou é isso, ou esta análise é uma “encomenda” dos senhores do sistema para que não se altere nada! Toda esta conjuntura mostra que não nos preparamos efetivamente para este tipo de adversidades e os fundos do PRR não serão aplicados de forma útil para reestruturar toda a economia portuguesa, pelo que o aviso do Presidente da República à ministra da Coesão Territorial não deveria ter-se só cingido à questão da taxa de execução, mas sim à aplicabilidade do mesmo, sendo que o aviso se deveria ter estendido também a todos membros do governo. Marcelo Rebelo de Sousa inicia o ano no Brasil, onde se deslocou para a tomada de posse de Lula da Silva, onde também esteve presente José Sócrates, e isso devia deixar-nos a pensar…
Foi do Brasil que nos enviou a mensagem presidencial de ano novo, e entre vários compromissos que tem nos próximos dias, sabe-se lá quando “aterra” em Portugal para tentar controlar um governo que de dia para dia se desmorona, mas que segundo ele, só o próprio é que terá legitimidade de construir uma outra solução, já que é produto de uma maioria absoluta! Pelo Alto Minho o ano iniciou com chuvas intensas, fazendo lembrar invernos passados em que os rios transbordavam dando também com isso a esperança aos agricultores de anos agrícolas bons. Não obstante dos prejuízos causados por esta chuva, muito temos de a agradecer, pois permitirá encarar os próximos tempos sem o fantasma da seca extrema que nos últimos anos nos tem assolado. O ano de 2023 parece ser um ano difícil, mas pelo menos chove!