Prioridades
Eis que entramos num novo ano. O ano até pode ser um novo ano, mas as novidades são sempre as mesmas. Agora que estamos em 2023 chegaram os aumentos previstos e vamos continuar a fazer contas à vida para viver em Portugal. Já sabemos das dificuldades e continuamos nas notícias a ver o desfile de disparates que o Governo vai fazendo, convencendo os mais distraídos de que tudo caminha na direção certa.
Só que essa não é a realidade e, embora o nosso Presidente da República já tenha vindo a público dizer que não prevê que haja eleições antecipadas para melhorar a gestão dos destinos do país, não se adivinham melhorias nos próximos tempos. De qualquer forma, os portugueses vão continuar a assistir ao rol de demissões e de aproveitamentos políticos feitos por membros do Governo que têm como principal objetivo governar as suas próprias vidas, sem pensar nos prejuízos que isso traz para o país. António Costa bem tenta manter a dignidade, mas já não há palavras para disfarçar tantos acontecimentos desprestigiantes cometidos numa sequência que chega a ser ridícula. A sorte é que Portugal é aquele pequeno país à “beira mar plantado”, de brandos costumes, com pessoas moderadas e tranquilas que com quase nada se preocupam, afinal de contas o bom português é perito em desenrascar e se a aflição bater à porta nada como arregaçar as mangas e procurar a solução remendada que melhor sirva para o momento.
A verdade é que é graças a esse engenho que o pequeno país à beira mar ainda não se afundou! Mas também é por Portugal ter tantos portugueses resilientes que não mereciam sofrer as consequências dos disparates de quem governa, seja a nível nacional, seja localmente, em tantas situações. Não tenho muitos desejos para este novo ano. Os básicos que fazem parte dos pedidos de todos, certamente, mas, acima de tudo, gostava de ver um país mais mobilizado em busca do conhecimento, em busca da realidade dos factos, em busca de carácter e altruísmo, coisa que nos dias que correm são poucos os que podem dizer que de facto têm. Na vida pública falta discernimento para diferenciar o que é verdade do que é mentira. A crítica sem construção passou a ser o prato do dia e o conhecimento é colocado em segundo plano, até porque o que interessa são as notícias das redes sociais. As pessoas vivem embrulhadas numa realidade longe da verdade, manipulada pelo desconhecimento e pelo “diz que disse”. A preocupação com o próximo é algo que cabe às instituições e entidades que trabalham para isso. Cada um dar um pouco de si e ajudar quem precisa é só considerado descabido. Portanto, o egoísmo torna-se um vírus extremamente resistente e capaz de vencer cada réstia de compaixão e solidariedade. As doenças mentais essas bem sabemos que se estão a tornar um problema sério em Portugal. Continua a ser tabu para muitos falar deste problema e só nos esquecemos é de que as situações só pioram. Os serviços de psiquiatria foram reorganizados há bem pouco tempo e isto é uma boa notícia para Viana do Castelo.
São assim garantidos os serviços e aumentada a capacidade de resposta na Unidade Local de Saúde do Alto Minho. Mas, não me vou cansar de dizer que é urgente pensar-se numas obras de fundo neste hospital distrital e seria bom que quem tem poder de decisão e influência política começasse a pressionar nesse sentido. Não basta querermos que as pessoas fiquem num distrito só pelas belas paisagens e, das várias opiniões que já ouvi, até para que se regresse a Portugal, a saúde é um dos fatores mais decisivos. Aliás, a saúde em Portugal precisa urgentemente de uma reforma, de Norte a Sul. Posto isto, e sem me querer distrair com outros temas, destacaria a saúde como uma das principais prioridades políticas para a região e para o país, para este novo ano, assim como o combate ao despovoamento. Também um tema que exige uma reflexão profunda a par de um trabalho assertivo e consistente para que dê verdadeiramente frutos para o território. Votos de um bom ano de 2023 para todos e sejam felizes!