“Químicos eternos” na Valeta, Bravães e Areias de Vilar

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O Pessoas Animais Natureza (PAN) denunciou junto da Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT) e do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) os resultados divulgados pelo Forever Pollution Project, que apontam a praia da Valeta, em Arcos de Valdevez, Bravães, Ponte da Barca, e Penide/Areias de Vilar (Barcelos), entre os locais onde foi identificada uma contaminação igual ou superior a 10 nanogramas por litro de água de “químicos eternos”.

Para o partido, Portugal deve “acompanhar as exigências europeias nesta matéria, reduzindo cada vez mais o uso destas substâncias até o seu uso ser definitivamente proibido”, em 2026. “Não obstante sabermos que, devido à sua elevada perigosidade, o uso das substâncias PFAS [Per ou Polifluoroalquiladas] deverá obrigatoriamente ser banido até 2026, é urgente obrigar o Estado português a acompanhar, desde já, os limites desta matéria para mitigar o impacto destes, pois o uso atual destas substâncias está em crescendo e, devido às suas características, irá permanecer, causando danos irreparáveis a longo prazo”, refere o comunicado.

O partido refere que as PFAS são “químicos de síntese, invisíveis, inodoros, ubíquos, que poluem rios, oceanos, solos e até o ar e são integrados no metabolismo de plantas e animais, acumulando-se com o tempo, consubstanciando impacto negativo e irrecuperável nos seres vivos”.

Além da praia da Valeta, de Bravães e de Areias de Vilar, o mapa assinala Monte da Vinha (Elvas, Portalegre), com 750 ng/l, Albufeira de Crestuma-Lever (Vila Nova de Gaia, Porto), com 460 ng/l, Ermidas do Sado (Santiago do Cacém, Setúbal), com 450 ng/l, Montemor-o-Velho (Coimbra), com 240 ng/l e Ribeira Vale do Morto (Elvas, Portalegre), com 10 ng/l, e Muge, no concelho de Salvaterra de Magos (no distrito de Santarém), a atingir os 3.200 ng/l, valor substancialmente superior a todos os outros

Na sequência da divulgação dos resultados do Forever Pollution Project, a APA esclareceu que, desde 2016, “integrou nos seus programas de monitorização a determinação da substância Ácido Perfluorooctanossulfónico e seus derivados (PFOS), nas matrizes água superficial e biota-peixes”, no âmbito das diretivas europeias transpostas para o direito nacional.

No esclarecimento publicado na sua página, a APA salienta que “esta substância é a única que se encontra legislada com normas de qualidade ambiental (NQA) para as matrizes referidas e faz parte de um grande grupo de mais de 4.700 substâncias denominadas PFAS”.

“Os PFAS são utilizados numa grande variedade de produtos de consumo e aplicações industriais, devido às suas propriedades físico-químicas, uma vez que repelem o óleo e a água e são resistentes a temperaturas muito elevadas. Estas substâncias são usadas em revestimentos antiaderentes, nomeadamente para utensílios de cozinha, embalagens de papel para alimentos, cremes e cosméticos, têxteis para mobiliário e vestuário de exterior, tintas, fotografia, cromagem, entre outros”, acrescenta.