“É importante que o arroz de sarrabulho à moda de Ponte de Lima não seja adulterado”
O registo da denominação Arroz de Sarrabulho à Moda de Ponte de Lima como Especialidade Tradicional Garantida (ETG) entrou esta quarta-feira em consulta pública, durante 30 dias, de acordo com um aviso publicado em Diário da República (DR).
De acordo com o aviso, assinado no início do mês pelo diretor-geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR), Rogério Lima Ferreira, o pedido de registo foi apresentado pela Confraria Gastronómica do Sarrabulho à Moda de Ponte de Lima. O professor coordenador das áreas da segurança alimentar e animal na Escola Superior Agrária (ESA) do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC), Nuno Brito, explicou que a classificação do prato foi iniciada em 2007, sendo que o caderno de especificação do ‘ex-líbris’ da gastronomia do concelho foi entregue em outubro de 2022.
O coordenador do Centro Investigação Nutrir, do IPVC, adiantou que, após a consulta pública de 30 dias, o documento seguirá para Bruxelas para que o arroz de sarrabulho seja classificado como ETG. Nuno Brito, que também é membro da Confraria Gastronómica do Sarrabulho à Moda de Ponte de Lima, explicou que a classificação, realizada em parceria com a Câmara de Ponte de Lima, pretende “garantir autenticidade e genuinidade da receita e do produto, e a sua valorização”. “Sabemos que há vantagens intrínsecas das denominações de origem na valorização do produto e no reconhecimento, nomeadamente do turismo gastronómico. Ponte de Lima é uma enorme referência gastronómica. O arroz de sarrabulho é um prato muito bem identificado e é importante que não seja adulterado por outros pratos ou produtos, noutras regiões”, sublinhou.
ica e familiar, rico de ingredientes e sabores, passou a ser servido nos mais diversos restaurantes da Ribeira Lima. O que faz a diferença do prato “é a receita e a origem dos produtos utilizados, como o porco, desde a sua origem à forma como é criado”.
“Integra características organoléticas e sensoriais totalmente diferentes”, afirmou Nuno Brito.
O prato é confecionado com vários tipos de carnes, designadamente porco, vaca e galinha, sangue de porco e diversas especiarias, sendo acompanhado de rojões, vários enchidos, desde as tripas enfarinhadas à chouriça verde, e inclui fígado, as belouras e batatas alouradas.
Para a Câmara de Ponte de Lima, esta classificação “revela-se como um relevante instrumento, eficaz para criar economias de escala, sendo o processo de certificação uma mais-valia para o produto em si, para a segurança alimentar dos consumidores e um estímulo para a sua comercialização, num contexto em que o cliente é cada vez mais fidelizado e exigente”. “A classificação do Arroz de Sarrabulho como ETG pretende preservar o modo de transformação e composição que corresponde a uma prática tradicional de confecionar este prato gastronómico, produzido a partir de matérias-primas ou ingredientes utilizados tradicionalmente”, refere o município.