“É fantástico perceber que a história ainda está viva ao ouvir um capitão de Abril”
A Aula Magna da Escola Secundária de Monserrate, em Viana do Castelo, foi pequena para receber todos os alunos interessados em ouvir o coronel Castro Carneiro, antigo capitão de Abril, a falar sobre a revolução dos cravos. No final da palestra, a aluna Kyra Souza fez questão de tirar uma fotografia com o coronel e agradecer-lhe a “lição de história ao vivo”.
O coronel Castro Carneiro ficou surpreendido com a adesão dos alunos à iniciativa que fez parte das comemorações populares do 25 de abril em Viana do Castelo. O antigo capitão de Abril desmontou alguns mitos associados ao 25 de Abril e abordou vários aspectos do impacto da guerra colonial no país. Falou ainda no “verão quente” de 1975 e destacou o papel do Batalhão Caçadores 9, de Viana do Castelo, na Revolução. O coronel, que estava colocado no Centro de Instrução de Condução 1 do Porto, em 1974, partilhou ainda com os alunos do Secundário o seu papel no 25 de Abril, designadamente, o facto de ter prendido o Chefe do Estado Maior do Quartel General da Região Militar do Norte, recebendo um enorme aplauso das dezenas de alunos que o ouviram.
Kyra Souza, representante dos alunos no Conselho Geral da escola, apressou-se para ir cumprimentar o convidado e agradecer-lhe a partilha da sua história. “É muito bom conhecer a história tão de perto. Comoveu-nos muito estar aqui, foi incrível”, disse-lhe a jovem aluna brasileira de 16 anos, que chegou a Viana há três anos. “No Brasil, não estudamos esta parte da história de Portugal e eu gostei muito de ouvir o coronel. Quando cheguei a Viana, no 9º ano, ainda consegui apanhar um pouco dessa matéria, mas o ter um antigo capitão de Abril aqui perto chega a ser emocionante. É uma abordagem incrível e é fantástico perceber que a história ainda está viva”, afirmou Kyra, garantindo que, apesar do seu sotaque brasileiro, também é portuguesa. Francisco Palhares, 17 anos, foi outro dos alunos que assistiu à palestra e também ficou entusiasmado com os relatos partilhados pelo coronel Castro Carneiro. “Ele falou sobre coisas que eu não sabia, nomeadamente, da guerra colonial. Percebi que as reuniões clandestinas que eles tiveram foram muito importantes para o desencadear da Revolução”, destacou o aluno, cujo avô foi militar na guerra colonial, em Moçambique. “O meu avô conta que foi um período bastante difícil para ele porque não sabia se iria voltar a ver os filhos”, contou Francisco, defendendo a necessidade de assinalar e preservar o 25 de Abril. “Agora estão a surgir partidos que podem pôr em risco a democracia que é importante defender, assim como a nossa liberdade de expressão”, sustentou.
O grupo Toadas do Lima abriu e encerrou a palestra com músicas de intervenção. No final, todos cantaram Grândola Vila Morena e gritaram “25 de Abril, sempre!”.