Alunos do IPVC “salvaguardam tradições, misturando utilidade com elegância à volta da história”

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Transformar objetos tradicionais em merchandising moderno e capaz de atrair atenções, mas sem lhes alterar as caraterísticas essenciais. Foi este o desafio lançado aos alunos do terceiro ano da Licenciatura em Design do Produto, da Escola Superior de Tecnologia e Gestão, do Politécnico de Viana do Castelo (ESCT-IPVC). E os resultados permitem uma viagem entre o tradicional e a modernidade.
O projeto PortugalMARKS envolveu mais de uma vintena de estudantes e foi desenvolvido no âmbito da unidade curricular de Design Estratégico, sob orientação da docente Liliana Soares, que explica o fundamento do desafio lançado aos estudantes: “Os alunos foram desafiados a intervir na relação entre o produto e o mercado, definindo uma nova estratégia. Por um lado, o projeto pretendeu intervir na imagem e na comunicação de produtos existentes, ou seja, inovando a partir do que existe. Por outro lado, o projeto pretendeu dignificar produtos da cultura tradicional da região do Minho que, à luz dos novos desenvolvimentos, parecem hibernados e esquecidos no tempo.”
Ana Beatriz Matos e Inês Paes Moreira inspiraram-se nas chinelas do traje de Viana do Castelo. Deram-lhe uma “roupagem diferente” e apresentam-nas agora às novas gerações. O projeto, descreve Inês Paes Moreira, natural do Porto, é uma forma “de salvaguardar tradições, misturando utilidade com elegância à volta da história”. As chinelas que eram usadas, muitas vezes, nas atividades do campo, para as colheitas e as sementeiras, poderão, agora, ser “combinadas com roupa mais formal e servir de calçado numa reunião ou num dia normal de trabalho no escritório”.
O projeto englobava, ainda, escolher uma revista de renome e procurar enquadrar o objeto escolhido nas suas páginas. Ana Beatriz Matos e Inês Paes Moreira escolheram Vogue.
Já Maria Vieira e Mariana Oliveira contaram com uma ajuda externa. Com a colaboração da experiente artesã Mena do Rio, de Esposende, ficaram a conhecer muito melhor o universo do junco, material com o qual são feitos os utensílios que escolheram: as cestas de junco. “A Mena do Rio ensinou-nos tudo, porque queríamos não só trabalhar o produto final, mas conhecer como é produzido e trabalhado”, dá conta Mariana Oliveira. Enquanto designer e inspirada em grandes marcas que também já recorrem ao junco ou a outros materiais tradicionais, a jovem de Ponte de Lima acredita ser “fundamental” conhecer a “verdadeira história e a essência do junco” antes de o “vender” numa qualquer revista. Por isso, além de “desenhar” uma campanha sobre a cesta de junco para a revista Lux Woman, as duas estudantes do terceiro da Licenciatura e Design do Produto, da ESCT-IPVC, desenvolveram também um vídeo que tentasse refletir história, modernidade, passado e presente.
Se as duas duplas anteriores escolheram objetos mais femininos, a dupla Bruna Azevedo e Raúl Cepa optaram por um simples bombo, tão usual quanto conhecido de geração em geração. E talvez tenha sido esse lado comum do bombo que tornou o projeto tão desafiante para os dois estudantes. “Tivemos de o reinventar e tornar apetecível para as novas gerações. Tivemos de tentar perceber o que atrai os mais novos para chegar à forma de os cativar para o bombo”, descreve Raúl Cepa. Os dois estudantes optaram por estímulos visuais. Além de um vídeo promocional, desenvolveram também um package atrativo, mas que “não negligenciasse” aqueles que são os elementos tradicionais do bombo. “Não alterámos o produto em si, mas a forma de o promover e comercializar. Apresentámos uma nova abordagem”, remata Raúl Cepa.