Gil Vicente fecha I Liga com triunfo e uma grande festa
AM 1638_41
“Passamos por um período muito complicado, mas acredito que podemos dar a volta. E hoje até só queremos um empate”, admitiu João Lopes, adepto de 32 anos, que veio com a mãe, Isabel Pimenta, ver o jogo. Satisfeito com o desempenho do treinador, João considera que tem condições para continuar. “O Daniel tem boas ideias, pelo que vejo parece que está a mudar um pouco as coisas e está no bom caminho, espero sinceramente que se mantenha, até porque traz muita experiência”, apontou o adepto.
Vizinha do estádio, a mãe Isabel, de 64 anos, admitiu que quando não vai aos jogos, fica em casa a torcer pelo Gil, como aconteceu recentemente na recepção ao Benfica. O filho nunca jogou à bola, mas o avô e o pai da mãe foram “craques” do Gil Vicente, conhecidos pelo apelido Vieira. Sobre as competições europeias, fica a saudade. “Acho que não vale a pena pensar nisso agora. O ano passado por esta altura estávamos todos muito contentes, mas agora só para o ano é que veremos o que vai acontecer”, declarou João, vaticinando: “Agora resta-nos garantir a manutenção e terminar a época com dignidade.”
Os amigos Luís Miranda e João Rodrigues também gostavam de ver o Gil Vicente “melhor um bocadinho”. Os dois sócios, nascidos há 64 anos em São Martinho de Vila Frescainha, admitiram que a saída de jogadores influentes condicionou a equipa, mas o novo treinador “já deu um ar da sua graça”. “Ele pôs a equipa a carburar, mas ainda não está a 100%”, considerou Luís, que já “esfarrapou” os joelhos nos juniores do Gil Vicente, mas tornou-se sócio só depois de se reformar da PSP. Apesar dessa equidistância, Luís viu várias vezes o Gil Vicente na Póvoa do Varzim e Vila do Conde, onde trabalhou como agente da PSP. “Ia em serviço ver os jogos contra o Varzim e Rio Ave e o meu coração ficava apertado”, confessou. “O Gil Vicente desceu à III Liga e nós nunca deixamos de ser sócios e de vir sempre ver os jogos. É uma paixão”, assegurou João Rodrigues, empresário que tem bem presente na memória o jogo da subida do Gil Vicente à I Liga na Póvoa de Varzim, em 1989.
Carlos Celso, um dos responsáveis pela formação do Gil Vicente, e Sérgio Campelo, vice-presidente do clube para o futebol feminino, concordavam que a época reflectiu o que foi possível fazer. “Eu esperava estar um pouco mais acima, mas estamos onde é possível. No entanto, o mais importante é não descer. Só uma hecatombe é que faria o Gil Vicente descer”, sustentou Carlos Celso, sócio 109 do Gil. “Tendo em conta a época anterior, tínhamos algumas expectativas para esta temporada porque a fasquia foi muito alta, mas é preciso ter os pés bem assentes no chão, cientes de que era praticamente impossível repetir a época que passou. Nessa medida, tirando o início do campeonato, acho que a equipa tem conseguido estar estabilizada, esteve sempre tranquila na tabela e hoje vai terminar da melhor forma”, adivinhou Sérgio Campelo, sócio 259. “Sem dúvida que o mais importante é também terminar a época com dignidade e presentear os adeptos com uma boa exibição”, completou o dirigente para o futebol feminino, adiantando que o Gil Vicente está a preparar a próxima época com uma programação recheada para festejar o centenário do clube. “Para o futuro, o clube tem de dar passos curtos, mas firmes”, frisou.