Mega-fábrica em Vila Nova de Anha ainda à espera das expropriações
O presidente da Câmara de Viana do Castelo garantiu que o concelho terá uma nova área empresarial, em Vila Nova de Anha, independentemente de não avançar a construção de uma fábrica de aerogeradores de 150 milhões de euros. “Sem dúvida [que se não for a fábrica será um parque empresarial]. Disse sempre isso quando avançámos para a suspensão [do Plano Diretor Municipal (PDM)]. Dei sempre essa fundamentação também para dar segurança a quem está a decidir, não só na Câmara como na Assembleia Municipal”, afirmou Luís Nobre.
O autarca adiantou que na revisão do PDM aquela área é proposta para parque empresarial”. “Antecipou-se o processo por causa do novo projeto industrial”, disse, referindo-se à aprovação, em janeiro, por maioria, da suspensão parcial do PDM.
Segundo Luís Nobre, a nova área empresarial integra a estratégia do município para os próximos 10 anos. “A criação do novo espaço estava identificada pelo investimento que foi feito no novo acesso ao porto de mar, pelos investimentos que o próprio porto de mar concretizou nas suas infraestruturas. O próximo plano que estamos a desenvolver com a Administração dos Portos do Douro Leixões e Viana do Castelo (APDL), para encontrar o perfil do porto de mar, vai evidenciar necessidades”, acrescentou.
A proposta de suspensão parcial do PDM e o estabelecimento de medidas preventivas foi aprovada com os votos favoráveis do PS e do CDS-PP, a abstenção da CDU e os votos contra do PSD.
A fábrica deverá entrar em funcionamento em junho de 2024, prevendo-se um volume anual de exportações de 200 milhões de euros e a criação de 2.000 novos postos de trabalho.
O investimento, anunciado em dezembro de 2022 pelo presidente da Câmara, Luís Nobre, representa “cerca de 49% do investimento atraído entre 2013 e 2021 e 36% dos postos de trabalho criados no mesmo período, sendo que o volume estimado de exportação representa 24% do valor das exportações, registado no concelho em 2021”.
O início da construção da unidade industrial estava previsto para este mês, mas ainda decorrem negociações. “Estão a decorrer reuniões de aprofundamento do projeto. Já assumimos um documento de confidencialidade e, por esse facto, não podemos dar muitos detalhes sobre o processo. Estamos a trabalhar, estamos a reunir com frequência, ainda este mês, isso voltará a acontecer”, especificou.
Luís Nobre adiantou que o município já iniciou algumas diligências para que quando o investidor tomar uma decisão “tudo seja muito rápido”. A expropriação de 29,3 hectares dos terrenos foi, segundo Luís Nobre, um dos procedimentos já iniciados com as “dezenas de proprietários”.
“Fizemos uma avaliação e uma proposta aos proprietários. Já tivemos proprietários que concordaram, outros que rebateram. É um processo normal de expropriação que queremos que seja amigável como aconteceu com as outras zonas empresariais. É um diálogo que deve ser feito com discrição, entre a câmara e os proprietários (…) Temos um conjunto significativo de proprietários que se manifestaram, aceitando o valor. Temos pedido sempre rigor aos avaliadores”, observou.
No período antes da ordem do dia, o vereador do PSD Eduardo Teixeira questionou o autarca sobre o valor das expropriações, avançando com um valor “entre os quatro e os cinco milhões de euros”. Questionado pelos jornalistas, Luís Nobre escusou-se a confirmar aquele valor: “Neste momento não posso confirmar porque pode ser inferior ou superior (…) Há um processo negocial que tem de acontecer”, apontou.