“Veteranos do Gil Vicente preferem convívios a campeonatos cheios de confusões”
Natural de Barcelos, Rui Durães tem 57 anos e jogou futebol até aos 32 anos, mas o “bichinho” do jogo obrigou-o a continuar a espalhar magia pelos relvados. “Estou há 25 anos a jogar nos veteranos. Terminei a carreira de jogador com 32 anos, a idade não perdoou com algumas lesões pelo meio e também devido a motivos profissionais. Sou comercial de uma companhia de seguros e na altura tive de optar pela minha profissão”, recordou o extremo esquerdo.
Relativamente aos veteranos destacou a vertente do “convívio”. “Quando entrei estávamos no campeonato de veteranos do Minho, mas havia sempre quezílias e confusões. Deixamos de participar e agora fazemos o intercâmbio com várias equipas que é mais salutar. Não tenho uma idade para acabar de jogar, enquanto puder vou continuar com o emblema do Gil Vicente do qual tenho muito orgulho”, garantiu.
O seu trajeto de jogador começou aos 15 anos no Gil Vicente. “Naquela altura a formação iniciava com os juvenis, não havia escalões mais jovens. Nos juniores conseguimos subir pela primeira vez o Gil ao campeonato nacional. Depois subi ao plantel sénior e fiquei durante uma temporada”, registou, salientando as dificuldades que os jovens atletas tinham em vingar no futebol naquela altura. “O treinador era o José Carlos. A transição para os seniores é sempre complicada e as oportunidades para os jovens não eram como se vê agora. Mas gostei dessa época em que fui profissional de futebol”, sublinhou.
Após essa experiência, jogou sempre como amador e sem destino certo. “Joguei no Ceramistas, Monção, Neves, Valdevez, Santa Maria, Amares, Vieira, Taipas e Marinhas. Nunca faltaram ofertas de clubes para jogar, ia para quem pagava mais, mas sempre com respeito por todos e sempre que vou a essas cidades, vilas ou freguesias sou sempre bem recebido”, apontou.
Do vasto leque de clubes que representou, o “Futre de Barcelos” disse os clubes que mais o marcaram, no distrito de Braga, foi o Amares e, no distrito de Viana do Castelo, o Desportivo de Monção. “Excepto o Gil Vicente, que é o clube do coração, posso dizer que o clube que mais me marcou foi o Amares, porque subimos à II Divisão nacional. Na época seguinte não fiquei porque já trabalhava e o Amares ia treinar como clube profissional e não podia deixar o meu emprego. Em Viana, o clube que mais me marcou foi o Desportivo de Monção, conseguimos subir de divisão em 1987. O treinador era o mister Torres, que era da formação do Gil Vicente e levou quatro ou cinco jovens jogadores para lá e foi uma boa experiência”, realçou.
De todo o percurso que fez no futebol, Durães apenas ficou com a “mágoa” de nunca ter jogado na I Divisão. O clube onde jogou mais épocas seguidas foi no Santa Maria, três temporadas, porque todas as épocas recebia “propostas melhores” de outros clubes.
A alcunha de “Futre de Barcelos” foi dada pelo mister Torres. “Tenho a mesma idade do Futre e na altura os meus ídolos eram o Futre e o Chalana”, explicou.
A melhor época que fez foi ao serviço do Vieira de onde guarda “boas recordações”. Para melhor jogador destacou o capitão Belo, do Gil Vicente, e melhor treinador elegeu José Carlos, “um magriço de 66″. Como melhor dirigente indicou o senhor Nelo, presidente do Vieira. “Infelizmente já faleceu”, lamentou.
Com tantos anos de futebol, as histórias caricatas foram muitas e uma aconteceu quando estava ao serviço do Atlético de Valdevez. “Íamos jogar a Miranda do Douro e ficamos a dormir em Bragança. O jogo era às 15 horas e tínhamos de almoçar ao meio-dia, mas, como estávamos em Macedo Cavaleiros, o nosso diretor disse que podíamos almoçar já ali às 10 horas para depois chegarmos a tempo para o jogo. Claro que não foi isso que aconteceu, mas a intenção do diretor era mesmo essa”, contou.