Candeeiros “acendem” mais uma polémica em Ponte da Barca

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O presidente da Câmara de Ponte da Barca admitiu ter havido um “lapso” dos serviços camarários na compra de três candeeiros com símbolos da monarquia espanhola que, recentemente, passaram a iluminar o Jardim dos Poetas.

Contactado pela agência Lusa, a propósito de um comunicado do PS de Ponte da Barca sobre uma “inadmissível invasão castelhana” daquele espaço da vila, Augusto Marinho lamentou o incidente, mas ainda não decidiu o que vai fazer com as ‘farolas’ castelhanas.

“Com certeza que lamento a situação. Nunca houve, nem haverá nenhuma tentativa de prestar uma homenagem à coroa espanhola”, frisou o autarca social-democrata, que classificou de “profundamente ridícula” a polémica gerada em torno daquele mobiliário urbano utilizado em algumas cidades da Espanha.

Em causa estão três candeeiros em cuja base está inscrito o brasão do rei Fernando VII de Espanha.

Na inscrição podem ver-se dois “F”, a indicação VII, a que se junta a coroa espanhola escudo.

Por baixo do brasão está inscrita a data 1832, em homenagem ao ano de nascimento da Infanta Luísa Fernanda, filha do monarca espanhol.

Augusto Marinho explicou ter dado “instruções” aos serviços camarários para serem colocados no Jardim dos Poetas “candeeiros ajustados ao local, com uma traça mais integradora da nobreza que o espaço tem”, situado no centro histórico da vila, nas proximidades da ponte medieval, do pelourinho de Ponte da Barca e mercado Pombalino.

“Lamentavelmente escolheram aquele. Não se aperceberam que na base tinha o brasão espanhol. Só quem não faz nada é que não erra. Os que agora criticam tinham colocado no mesmo local candeeiros aberrantes”, afirmou.

Para o autarca social-democrata, os candeeiros “são bonitos” e até se podem “encontrar noutros municípios”.

“São comercializados em Portugal. Não foram mandados fazer por Ponte da Barca”, referiu, dizendo-se “chocado” com a polémica.

Para o PS de Ponte da Barca, as “’farolas’ são mais bonitas do que uns degradados palitos modernos, mas não têm nenhum enquadramento na zona histórica de Ponte da Barca, nem correspondem ao modelo de candeeiro tradicional existente na área protegida”.

“O nosso Jardim dos Poetas tem, sucessivamente, sofrido intervenções municipais que descaracterizam e desvalorizam aquele espaço público, que deveria assumir-se como um local privilegiado de lazer, identidade e respeito pela história de Ponte da Barca”, sublinham os socialistas.

O PS apela a que, “em vez de importações castelhanas, ofensivas da história e independência nacional, exista maior rigor, critério e planeamento do município de Ponte da Barca, valorizando a bonita essência da cultura portuguesa e conservando o riquíssimo património da terra”.

 

Foto: Alfredo Sousa Tomaz