“Lenipaula”, 40 anos felizes em Valença
Álvaro Santos e a sua esposa gerem a “Lenipaula” há quatro décadas no interior da fortaleza de Valença. Naturais do Porto, apaixonaram-se pelo centro histórico da cidade raiana, mas confessam que o negócio de venda de têxteis-lar já viu melhores dias e que a maioria dos clientes são espanhóis.
O comerciante de 75 anos, antes de morar em Valença, fornecia produtos para zonas transfronteiriças. “Paramos em Valença de forma fortuita. Nessa altura, viajávamos e achamos que isto era muito alegre e que se enquadrava com a nossa maneira de ser e de estar. Gostamos tanto que abrimos uma loja no centro histórico de Valença porque foi esta zona que nos atraiu”, justificou Álvaro Santos. Na altura, ele a esposa sentiram a necessidade de abrir um negócio, até porque já tinham as filhas Helena e Paula, cujos nomes conjugados dá nome à loja. A aposta no têxtil-lar foi uma estratégia de negócio. “Os produtos mais procurados são os têxteis-lar. As pessoas precisam sempre destes materiais, como os jogos de cama, toalhas, robes… a explicação de Valença ter tantas lojas dedicadas ao têxtil é a procura”, considerou o comerciante, frisando que na Lenipaula os produtos são personalizados. “O cliente pede uma toalha com o seu nome e nós personalizamos. O mais estranho foi pedirem-me para colocar nomes e símbolos de marcas de produtos e nós não fazemos isso porque primeiro está a nossa individualidade”, ressalvou o comerciante, que se instalou na Fortaleza há 40 anos e chegou a ter nove funcionários nos áureos anos 90. Actualmente só tem um. “Estes 40 anos em Valença têm sido felizes porque a vida tem-me corrido bem. Há momentos melhores e momentos piores, mas é compensador porque temos mais benefícios do que prejuízos”, admitiu Álvaro Santos.
A clientela é quase toda do outro lado da raia. “De Valença não vem ninguém à minha loja. Valença tem centenas de comércios, mas o concelho só tem quatorze mil habitantes. Não tem habitantes para absorver o comércio que existe e precisamos dos espanhóis e também dos portugueses”, declarou, defendendo que se deveria publicitar mais o concelho a nível nacional.
“Eu tenho amigos que no princípio diziam-me que tinham ido a Valença para ir a Espanha e que não tinham visto a minha loja. Não entraram na fortaleza porque pensavam que não existia nada lá dentro. Isto é um hipermercado, por excelência, ao ar livre, mas os portugueses não sabem disso”, referiu o comerciante, convicto de que permanece em actividade por estar dentro da fortaleza.