Volta a Portugal termina com “peregrinação” a Santa Luzia
A Volta a Portugal mudou o roteiro, ligando Viseu a Viana do Castelo, mas repetiu o figurino de sempre, acrescentando desnecessários quilómetros ‘neutralizados’ a uma 84.ª edição que confiará novamente num ‘crono’ final para definir o vencedor.
Embora o número de quilómetros da Volta 2023 seja idêntico ao da passada edição – os ciclistas vão percorrer ‘apenas’ mais 38,9, num total de 1.598,6 -, as distâncias entre partidas e chegadas, nomeadamente nas terceira e quarta tiradas, serão um fator extra de desgaste para um pelotão que terá ainda de ‘suportar’ a canícula esperada entre 09 e 20 de agosto.
A organização da prova ‘rainha’ do ciclismo nacional inovou para ficar tudo igual, exceto o sempre reclamado – pelo público, não pelos corredores – regresso ao Algarve, que não figurava no traçado desde 2018, ou o contrarrelógio ‘noturno’ da última etapa, que deverá terminar cerca das 20:00, e no alto de Santa Luzia.
De resto, repetem-se os locais decisivos: a inevitável Torre, a primeira grande dificuldade, à quinta etapa, seguindo-se o Larouco, ponto mais alto de Montalegre (7.ª), e a Senhora da Graça (9.ª), antes do exercício individual de 16,3 quilómetros nas ruas de Viana do Castelo, com Joaquim Gomes, o diretor da Volta, a ‘abdicar’ do Observatório de Vila Nova, em Miranda do Corvo, que em 2022, na sua primeira ‘presença’ no percurso, foi ‘palco’ de uma das mais espetaculares chegadas de etapa em anos recentes.
Com as dificuldades da prova todas concentradas na segunda metade, os cinco primeiros dias servirão para outros, que não os homens da geral, brilharem, a começar logo no prólogo de Viseu, meros 3,6 quilómetros que vão atribuir a primeira amarela.
Os cerca de 130 ciclistas, de 19 equipas (as nove portuguesas e 10 ‘convidadas’ estrangeiras, entre as quais as quatro ProTeams espanholas) rumarão depois ao Velódromo Nacional, em Sangalhos (Anadia), ponto inicial dos 188,5 quilómetros até Ourém.
Seguem-se outras três tiradas reservadas a sprinters: a ligação de 177,3 quilómetros entre Abrantes e Vila Franca de Xira, a travessia entre Sines e Loulé (191,8), cidade que regressa ao percurso da Volta após 20 anos de ausência, e nova promissora jornada de altas temperaturas, entre Estremoz e Castelo Branco (184,5) – só nestas duas etapas os ciclistas vão percorrer, a pedalar ou nos carros das equipas, quase 700 quilómetros.
Só ao sexto dia é que o uruguaio Mauricio Moreira (Glassdrive-Q8-Anicolor) e os candidatos a ‘destroná-lo’ enfrentarão o primeiro grande teste, nos 184,3 quilómetros entre Mação, ‘estreante’ na Volta, e o alto da Torre, a única contagem de categoria especial do percurso que os ciclistas vão alcançar após 20,1 quilómetros de ascensão desde a Covilhã.
Antes do dia de descanso, marcado para 16 de agosto, há ainda tempo para a complicada chegada à Guarda, onde a meta coincide com uma contagem de montanha de terceira categoria, numa ligação de 168,5 quilómetros desde Penamacor.
Cumprida a jornada de pausa, o pelotão regressa à estrada para a penúltima das etapas de montanha, com a sétima tirada a unir Torre de Moncorvo ao alto do Larouco, em Montalegre, no total de 162,6 quilómetros, pontuados por duas contagens de primeira categoria, a última das quais a coincidir com a meta.
O regresso do ‘sterrato’ em Fafe está reservado para a oitava etapa, que parte de Boticas e cumpre 146,7 quilómetros, e antecede a sempre emblemática subida à Senhora da Graça, ponto final de 174,5 desde Paredes, endurecidos por três contagens de primeira categoria.
Como sempre, o último dia será dedicado ao ‘crono’, exercício que no ano passado valeu o triunfo da geral a Moreira, que destronou o seu colega português Frederico Figueiredo do primeiro lugar no derradeiro ‘suspiro’ da Volta.
“Finalmente, pusemo-nos de acordo e, em primeira mão, posso anunciar que o final do contrarrelógio será em Santa Luzia”, revelou Joaquim Gomes durante a apresentação da 84.ª edição, que decorreu em Lisboa. Assim, o ‘crono’ acabará no Santuário de Santa Luzia, ponto mais ‘elevado’ da cidade de Viana do Castelo, com os derradeiros quilómetros do exercício individual a serem feitos em subida, numa ‘mini’ cronoescalada.