“Termina quando a GNR chegar…”

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O festival Rock in Rio Febras, em Briteiros São Salvador, no concelho de Guimarães, espera hoje cerca de quatro mil festivaleiros, um evento preparado por 80 voluntários e que “respira rock, solidariedade e alegria”.

A organização do pequeno festival de música, que atingiu dimensão nacional após o Rock in Rio Lisboa notificar o Rock in Rio Febras para mudar de nome, alegando uso indevido da marca e concorrência desleal, diz estar tudo pronto para receber os milhares de visitantes.

Face à enorme procura, desencadeada pela polémica com o Rock in Rio Lisboa, a organização conseguiu duplicar a dimensão do espaço mas, mesmo assim, houve a necessidade de limitar as entradas grátis a cerca de quatro mil pessoas, por razões de segurança.

Numa primeira fase, foram disponibilizados ‘online’ cerca de 3.500 passes grátis e depois mais 500 entradas. Em ambos os casos, os passes gratuitos esgotaram em poucas horas.

A abertura de portas acontece às 15:00 e o início dos concertos às 16:00, hora a partir da qual vão atuar bandas locais como os Smartini, Crocky Girls, Ledher Blue, Juanito Caminante, Gaspea, Gordilho, Segundo Minuto, Berto, Pedro Conde e Quarta às Nove.

Os festivaleiros devem trocar, no local, o passe gratuito de acesso ao recinto por uma pulseira, a partir das 15:00 e até às 22:00.

Para já, o evento chama-se “Festival de Rock que acontece perto do rio Febras”, mas o nome definitivo ainda não está fechado.

O festival terminará “quando a GNR chegar”, segundo a organização.

“No ‘site’ rockriofebras.pt pode ser encontrado um mapa com a localização de vários parques de estacionamento disponíveis, tal como outros detalhes do recinto, nomeadamente a bica de cerveja mais próxima. Haverá comida caseira confecionada por nós, incluindo opções vegan (caldo verde e bifana de legumes)”, refere a organização, em comunicado enviado na sexta-feira à agência Lusa.

Na primeira edição do Rock in Rio Febras, realizada em 2022, passaram pelo recinto cerca de 1.500 pessoas ao longo de todo o dia.

O festival que se realiza junto ao rio Febras mantém o cariz social e comunitário, sendo que as receitas revertem para o centro de dia da Casa do Povo de Briteiros.

Em declarações anteriormente à Lusa, Vasco Marques, presidente da Casa do Povo de Briteiros, Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) que organiza o evento, deu conta de que o festival “assumiu uma dimensão” que estava “a ultrapassar tudo” o que era expectável.

Numa publicação na rede social Instagram, os responsáveis pelo Rock in Rio Lisboa desejaram “o melhor aos amigos do festival de rock que acontece perto do rio Febras” e assumiram que ficaram surpreendidos “pelo alarido causado pela notificação” para que mudassem de nome.

O terreno agrícola que já serviu para cultivar batatas e legumes é o palco do Rock in Rio Febras e espaço de diversão de quatro mil festivaleiros, na pacata freguesia de Briteiros São Salvador, no concelho de Guimarães.

A curiosidade, a publicidade e a dimensão que o pequeno festival atingiu após a polémica com o Rock in Rio Lisboa, devido ao nome, surpreenderam Fernanda Oliveira, que cede parte do terreno, onde, pelas 20:30, estão centenas de pessoas a ouvir um Dj, esperando a organização que o pico da lotação seja atingido a partir das 21:00. O festival, esse, vai decorrer “até a GNR chegar”.

A agora reformada, que mora ao lado do recinto, explicou à agência Lusa que os terrenos, banhados por um dos lados pelo pequeno rio Febras, já foram usados no cultivo de batatas e de legumes, mostrando-se orgulhosa com o festival, o qual foi abraçado por toda a comunidade local como um desígnio comum.

Ao longo da tarde, os parques de estacionamento foram ficando cheios à medida que os festivaleiros iam chegando. Em grupos, em famílias, com jovens e crianças.

Da parte de fora do recinto, num dos lados da rua vende-se ‘merchandising’, no outro está a Casa do Povo de Briteiros, quartel-general da organização, e onde a comunicação social tem direito a uma sala com todas as condições para trabalhar.

À entrada do Parque Fluvial de Briteiros, um ‘outdoor’ com o mapa da Europa e uma roda a vermelho a sinalizar a pacata freguesia de Briteiros, no qual se pode ler: “Festival de Rock que acontece perto do Rio Febras” e “O Festival com eles no sítio”.

A entrada no recinto é feita após a troca dos passes gratuitos ‘online’ por uma pulseira e de uma revista efetuada por elementos de uma empresa de segurança privada. No espaço é visível a presença de militares da GNR, uma ambulância e bombeiros com equipamentos de primeiro socorro.

Além de poderem desfrutar das várias bandas e Dj locais, que vão atuando ao logo da tarde e da noite, os festivaleiros podem comer e beber nos vários pontos de venda existentes no recinto, carregar o telemóvel, mas há também quem aproveite a oportunidade para dar um mergulho na pequena praia fluvial (no exterior do recinto) ou até cortar o cabelo.

“Hoje já cortei cinco [cabelos], mas há sempre pessoal a passar e a pedir para reservar uma vaga”, conta à Lusa Pedro Cunha, que tem uma barbearia na vizinha vila das Taipas, e que decidiu colocar um ‘spot’ no festival também para divulgação.

Voltando aos comes e bebes, uma “febra no pão”, bifana ou bifana de legumes custa 3,5 euros, o pão com chouriço 3 euros e o caldo verde 2 euros. O fino pequeno custa 1,5 euro, o grande 3 euros, sumos custam 1,5 euros e por uma garrafa de água paga-se 1 euro.

Todo o trabalho realizado neste festival que “respira rock, solidariedade e alegria” é realizado por cerca de 80 voluntários e as receitas revertem para causas sociais relacionadas com a Casa do Povo local.

Numa das mesas e bancos em pedra que existem junto ao rio Febras está o casal José Teixeira e Maria Luísa, de 71 e 67 anos, acompanhados do neto Guilherme, de 13 anos, que reside na Figueira da Foz, mas que está de férias com os avós na localidade vizinha de São João de Ponte.

Contam-nos que foi a “curiosidade” despertada pela polémica com o Rock in Rio Lisboa que os fez ir ao festival, considerando que “até foi bom” que isso acontecesse, pois de outra forma não teria atingido a dimensão que atingiu.

“Também foi um pouco de arrogância daquele pessoal do Rock in Rio Lisboa”, atirou José Teixeira.

O casal acredita que, a partir deste ano, o Rock in Rio Febras nunca mais será o mesmo, pois passará a ter a atenção e o interesse de outras bandas, lembrando que a organização teve de recusar bandas que se ofereceram para tocar este ano.

Quanto ao futuro nome do festival, que ainda não está fechado, o neto Guilherme sugere à organização o “Roquim Rio Febras”.

Sentadas na erva, estão Raquel Almeida, Vera Andrade e Rita Silva, de 46, 42 e 44 anos, todas de Guimarães. As três amigas também são da opinião de que o Rock in Rio Febras, a partir da edição deste ano, passará a ter outra atenção e a despertar mais interesse. No ano passado, durante a primeira edição, estiveram presentes cerca de 1.500 pessoas.

Quanto à organização, consideram que está tudo muito bem organizado, sublinhando outro aspeto que lhes chamou a atenção: as diferentes faixas etárias presentes no festival. Desde pessoas mais velhas até crianças.

Raquel, Vera e Rita dizem que vão ficar a “curtir” o festival Rock in Rio Febras “até a GNR chegar”