Só 10 por cento dos vianenses usa transportes públicos

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A Câmara de Viana do Castelo iniciou, com a auscultação dos munícipes, a elaboração de um Plano de Mobilidade Urbano Sustentável (PMUS) para inverter a reduzida utilização dos transportes públicos.

Na sessão pública de apresentação da fase I, de caracterização e diagnóstico PMUS, a autarquia apontou dos dados dos últimos Censos que indicam que “somente 10%” da população concelho utiliza os transportes públicos nas duas deslocações.

Em contrapartida, “75% das deslocações dos residentes em Viana do Castelo acontecem com recurso ao automóvel, sendo que 14% se deslocam a pé”.

“O que se pretende é arranjar soluções mais suaves, mais sustentáveis, mais inclusivas, e que nos motivem a viver o espaço urbano com maior transparência e segurança”, afirmou a vereadora com o pelouro da Mobilidade, Fabíola Oliveira.

A responsável que falava naquela sessão pública, que decorreu na sala Couto Viana, da biblioteca municipal, explicou que o PMUS irá “abranger não só a cidade, mas também as freguesias”.

O estudo apresentado mostrou que ainda que “as deslocações no interior da freguesia sede do concelho são predominantes (52%), reforçando a necessidade de repensar o atual modelo de mobilidade local”.

A presidente e fundadora do Instituto de Cidades e Vilas com Mobilidade (ICVM) em Portugal e diretora da empresa Mpt® – Mobilidade e Planeamento do Território, responsável pela apresentação da primeira fase do plano, Paula Teles, sublinhou que “boa parte dos gases poluentes e da poluição advêm dos meios de transporte”.

“Temos de atacar a raiz do problema. Temos de trabalhar os meios de transporte coletivos a nível nacional, de andar mais no espaço público, viver a rua, viver o espaço público”, disse ainda, referindo “a necessidade de investir em áreas para que os munícipes caminhem, em ciclovias, trabalhando soluções de mobilidade mais sustentáveis, em espaços com mais luz e na criação de mais áreas verdes”.

Segundo Paula Teles, “o trabalho mais difícil é resgatar espaço ao automóvel”: “Temos de conseguir reduzir o asfalto e o espaço dedicado ao automóvel e colocar esse espaço ao serviço das pessoas e das soluções mais amigas do ambiente”, realçou.

O PMUS de Viana do Castelo “pretende definir soluções sustentadas de mobilidade para resolução de problemas relacionados com o tráfego automóvel, estacionamento e transportes coletivos, englobando também a promoção dos modos suaves, nomeadamente a circulação pedonal e ciclável, que possibilitem a adoção de políticas de gestão de mobilidade mais amigáveis, tornando, simultaneamente, o território mais humanizado”.

O PMUS visa ainda “garantir de interoperabilidade entre os diferentes modos de transporte e entre os diversos componentes da cadeia de transporte, atendendo não apenas à via pública e passeios como também às diversas estruturas de suporte como as plataformas de comunicação entre modos, paragens, estações, abrigos, entre outros, o reforço da informação urbana, incluindo não apenas sinalização de tráfego como também sobre transportes e de orientação genérica, que não só colmate as deficiências hoje existentes reabilite culturalmente as deslocações, promovendo a utilização de modos mais sustentáveis, a garantia de articulação entre planeamento da mobilidade e do uso do solo”.

A partir da “recolha e análise de informação essencial para a execução do plano”, na fase seguinte serão “definidos os principais eixos de intervenção para a definição da estratégia de mobilidade a implementar tendente à melhoria da qualidade do ambiente urbano, assim como a definição das prioridades, programa e cronograma de execução”.

Já a terceira fase corresponderá “ao desenvolvimento do documento final e síntese do plano, incorporando os contributos pertinentes que decorram dos diversos momentos de participação e envolvimento dos parceiros relevantes”.