Mau tempo: viaturas submersas no areal de Ponte de Lima e inundações pelo distrito

0
1160

A subida das águas do rio Lima, em Ponte de Lima, surpreendeu alguns condutores que, pouco tempo antes, tinham estacionado as suas viaturas no areal. Os bombeiros de Ponte de Lima tiveram de acorrer para retirar os carros. A Protecção Civil tinha emitido um alerta para a possibilidade de cheias nas zonas ribeirinhas da região.

 

Estradas cortadas e inundações no Alto Minho

Ainda no concelho de Ponte de Lima, a circulação rodoviária nas pontes de Estorãos e de Santa Marinha encontra-se cortada ao trânsito devido à subida das águas dos rios Estorãos e Labruja, disse o comandante dos bombeiros voluntários.

Segundo o comandante dos bombeiros voluntários de Ponte de Lima, Carlos Lima, a circulação rodoviária está cortada na ponte de Estorãos, inundada pelas águas do rio Estorãos, e o mesmo acontece na ponte de Santa Marinha, em Arcozelo, alagada pelo rio Labruja.

O comandante referiu também que a “subida rápida” do rio Lima, em Ponte de Lima, distrito de Viana do Castelo, submergiu duas viaturas estacionadas na zona do areal, sendo que, pelas 09:20, os bombeiros ainda não as tinham conseguido retirar.

O responsável disse ter sido solicitada à proteção civil a intervenção de uma grua.

Carlos Lima manifestou-se preocupado com a subida rápida do rio Lima e com o aproximar da praia-mar, prevista para as 13:00.

“Continua a chover. O rio está a subir cerca de 10 a 20 centímetros em meia hora”, explicou.

Em Arcos de Valdevez, o rio Vez galgou as margens e inundou a zona histórica da Valeta, invadindo um estabelecimento comercial e o rés-do-chão de algumas habitações, disse o comandante dos bombeiros voluntários.

Contactado pela agência Lusa, o comandante dos bombeiros voluntários de Arcos de Valdevez, no distrito de Viana do Castelo, Filipe Guimarães, adiantou que além da freguesia da Valeta, o rio Vez submergiu os pontilhões (pequenas pontes) de Gondoriz e Rio de Moinhos, impedindo a circulação rodoviária.

Durante a noite, os bombeiros de Arcos de Valdevez, foram chamados a retirar uma viatura abandonada pelo condutor no pontilhão de Gondoriz.

“O condutor arriscou passar e foi travado pela água”, explicou Filipe Guimarães.

O comandante adiantou que a ligação rodoviária entre Britelo, em Ponte da Barca e Soajo e Ermelo, em Arcos de Valdevez, está cortada junto à antiga estação hidroelétrica devido a uma derrocada de grandes dimensões.

Filipe Guimarães acrescentou que entre as 23:00 de quarta-feira e as 08:00 de hoje, registaram-se 12 ocorrências.

Além das cheias, os bombeiros acorreram a situações de quedas de muros e árvores, entre outras.

“Há perigo de desabar mais muro”

Depois desta inundação, a zona histórica da Valeta ficou sem água, cerca das 11:00. Em declarações à agência Lusa, Olegário Gonçalves adiantou que as cheias naquela zona do concelho de Arcos de Valdevez, distrito de Viana do Castelo, foram causadas pelas descargas da barragem de Touvedo, no concelho de Ponte da Barca que, “cerca das 06:30, debitava 500 metros cúbicos de água, por segundo”.

“Quando a barragem está a debitar muita água e, ao mesmo tempo, chove intensamente em Arcos de Valdevez, o rio Vez recua e provoca inundações na Valeta”, explicou.

Segundo o vereador com o pelouro da proteção civil municipal, os pontilhões (pequenas pontes) de Gondoriz e Rio de Moinhos, continuam cortados à circulação rodoviária.

Olegário Gonçalves referiu que “todos os serviços municipais estão no terreno para desobstruir vias afetadas por dezenas de derrocadas em praticamente todo o concelho”.

A derrocada “mais preocupante” ocorreu num muro situado junto a uma rotunda, na entrada da vila.

“Há perigo de desabar mais muro. Os serviços técnicos do município já estão a avaliar a situação”.

Em Ponte da Barca, a Estrada Nacional (EN) 304 encontra-se cortada, junto à antiga estação hidroelétrica, devido a uma derrocada de “grandes dimensões”, disse hoje à Lusa o presidente da câmara.

Contactado pela agência Lusa, Augusto Marinho adiantou que a estrada conta “com cerca de um metro e meio de terras e pedras”.

O autarca disse ter sido informado que a Infraestruturas de Portugal (IP) iria deslocar para o local uma máquina para afastar o entulho e permitir o retomar da circulação rodoviária.

Augusto Marinho adiantou não ter previsão para a reabertura da estrada e acusou a IP de não “dar a devida atenção” àquela via.

“A EN 304 é um parente pobre da IP. Estamos a falar de uma estrada nacional em pleno Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG). Liga a zona do PNPG de Ponte da Barca ao de Arcos de Valdevez. Estamos a falar de aldeias turísticas como Britelo, São Miguel, Lindoso e Lindoso. A IP que venha ver esta via que merecia uma intervenção”, alertou.

Augusto Marinho adiantou também que a chuva intensa que tem caído nas últimas horas “inundou por completo o bar do rio, causando muitos estragos na esplanada e em vários equipamentos elétricos”.

Ainda na zona ribeirinha daquela vila do distrito de Viana do Castelo, disse, “o restaurante o Moinho ficou com a água literalmente à porta”.

“Cerca das 07:00, as águas do rio Lima estiveram a 10 centímetros de entrar no restaurante”, referiu, apontando, entre outras ocorrências, “algumas derrocadas em estradas municipais que começaram a ser intervencionadas pelos serviços municipais”, entre outros danos causados pela intempérie.

O autarca lamentou que a zona ribeirinha de Ponte da Barca seja “permanentemente inundada”, com diversos equipamentos municipais e privados alagados.

“Ponte da Barca não pode ser permanentemente fustigada por inundações. É importante que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) venha ao local ver e apoiar as populações. A EDP já me colocou ao corrente da situação. Lamentavelmente, das instituições públicas não sei nada”, frisou.

Augusto Marinho referiu que ainda esta semana recebeu das mãos da ministra da Coesão o apoio do Estado para fazer face aos estragos causados pelas intempéries de dezembro de 2022 e de janeiro no concelho e o cenário repete-se.

“Já reparamos algumas coisas e agora vêm outra vez estas inundações”, desabafou.

No concelho de Viana do Castelo, fonte dos bombeiros sapadores adiantou que entre as 00:00 e as 08:00 foram contabilizadas sete ocorrências, entre elas, um deslizamento de terras junto à Estrada Nacional (EN) 13, perto da Escola Básica e Secundária de Monte da Ola, levantamento de tampas de saneamento que não aguentaram a pressão da água e quedas de árvores de médio porte.