“O melhor bacalhau é o de cura amarela”
O sal entranha-se no bacalhau, que tantos comem na véspera do Natal, da mesma forma como se embrenhou na vida de João Lomba da Costa, homem da Ribeira de Viana, que pescou o “fiel amigo” nas mais longas temporadas que passou em alto mar, longe de casa. Hoje o comandante está no leme da Fundação Gil Eannes, embarcação que tanto fez pelos pescadores de bacalhau no mar do Norte.
A primeira vez que Lomba da Costa viu o navio Gil Eannes foi em Lisboa, longe de imaginar que o “anjo branco” viria a tornar-se um ícone museológico em Viana do Castelo, tão perto da Ribeira que o viu nascer há 60 anos, no seio de uma família ligada ao mar. Só o pai de Lomba da Costa, o etnógrafo Amadeu Costa, é que preferiu a terra ao mar, num percurso sobejamente conhecido em Viana do Castelo.
“Todos os meus tios, exceto o meu pai, eram ligados ao mar. E as coisas vão nascendo. Vai-se entranhando o sal. Aos oito anos, já fazia vela”, contou o comandante, que atualmente faz parte do Conselho Diretivo da Fundação Gil Eannes, entidade responsável pela preservação do navio Gil Eannes, em Viana do Castelo.
Influenciado pela família, Lomba da Costa teve sempre como “primeira opção” estudar na Escola Náutica, onde tirou o curso de Pilotagem. Foi durante uma aula que teve o seu primeiro contacto com o Gil Eannes, que foi construído nos Estaleiros de Viana do Castelo, em 1955, dois anos depois do nascimento de João Lomba da Costa.
João Lomba da Costa admitiu ainda que, apesar de se ter alimentado muito à base do peixe que era pescado, quando trabalhava em alto mar, não enjoou. Adora comê-lo e não dispensa um bom bacalhau. Reconhece, porém, que a qualidade já não é o que era. “Ao acabar a seca ao natural, pode ter ganho em higiene, mas perdeu no paladar, que é inferior. Para mim, o melhor bacalhau é o de cura amarela”, concluiu.
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