“É grave não haver diálise no Hospital Santa Luzia”
Dotar os centros de saúde com meios de diagnóstico, como raio-x, para que os médicos de família possam fazer diagnósticos mais precisos, evitando que os utentes tenham de recorrer ao Serviço de Urgência, foi uma das ideias que gerou consenso durante a mesa redonda com profissionais de saúde que a CDU de Viana do Castelo promoveu com a presença do candidato pelo distrito às próximas eleições legislativas, Celestino Ribeiro.
Foi um dos profissionais de saúde que trabalha na Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM) que defendeu a criação de condições na rede de cuidados de saúde primários para que os utentes não necessitem de recorrer à urgência ou hospital central. “Os centros de saúde estão desprovidos de meios de diagnóstico e temos de criar condições para que os utentes que recorrem à rede de cuidados de saúde primários tenham condições e os médicos consigam fazer um diagnóstico com mais precisão”, defendeu. “Por que não podemos fazer um raio-x no hospital que é prescrito pelo centro de saúde?”, questionou.
Os profissionais de saúde presentes na sessão criticaram a forma como está a ser feita a progressão das carreiras na ULSAM, alertando para a desigualdade que existe entre profissionais com carreiras iguais, dando como exemplo o caso dos profissionais da radiologia.
Um dos enfermeiros presentes disse que, em 2019, “foi negociada uma carreira que não resolveu nada e causou mais injustiças e problemas” e que o descongelamento só incluiu retroativos até 2022. Acrescentou que os profissionais “andam cansados” porque “fazem horas extras em barda” e na ULSAM “os horários são carregados já com horas extra previstas por falta de profissionais”. O profissional de saúde alertou ainda para os serviços ao domicílio que os enfermeiros dos centros e extensões de saúde fazem sozinhos, com viaturas que não estão em condições ideais.
A remuneração dos médicos no SNS também foi alvo de criticas por parte dos profissionais presentes na sessão, tendo sido apontada como justificação para a preferência pelo sector privado. “Estão a construir a casa pelo telhado. Se não houver médicos e enfermeiros, a casa vai acabar por ruir”, frisou um dos médicos, alertando também para o facto de a ULSAM não ter serviço de diálise. “Erradamente, pensou-se durante muito tempo que tinha porque funcionou nas instalações do hospital um centro de diálise privado. O hospital não ter diálise é grave porque um doente com cirurgia programada não é operado porque não há apoio de diálise 24 horas no hospital”, alertou, alegando também que à noite há falta de enfermeiros e assistentes operacionais nos serviços.
Do lado dos utentes, também se ouviram preocupações relativamente à falta de serviços de diálise e defendeu-se a criação do serviço de radioterapia no hospital.
O cabeça de lista da CDU pelo distrito tomou nota das preocupações e criticou o que considera ser “processo evidente de desmantelamento do SNS”, visível também no funcionamento da ULSAM. “O problema maior é que está a dizer-se que se está a defender o SNS, quando temos evidências, como aqui no distrito, que há uma degradação do sistema por via do desinvestimento e não por via dos profissionais”, alegou Celestino Ribeiro, defendendo a valorização das carreiras e fixação dos profissionais no SNS. O candidato da CDU pelo distrito, que faz parte da assembleia intermunicipal, deu nota de que há pessoas em freguesias no Alto Minho que demoram mais de duas horas para chegar ao hospital de Viana do Castelo. Nessa medida, defendeu a reabertura dos serviços de atendimento permanente.
Tiago Baptista, médico que também integra a lista da CDU por Viana do Castelo às Legislativas, alertou para a ausência de psicólogos nos centros de saúde do Alto Minho assim como de higienistas orais.