Apúlia com mais saúde e folhas de sargaço
A marcar o Dia Internacional dos Museus, o Município de Esposende apresentou o livro/catálogo “Paisagens do Sargaço”. Sensivelmente um ano após a sua inauguração, o Museu do Sargaço, em Apúlia, acolheu a sessão de apresentação desta edição, da autoria do investigador Álvaro Campelo. A publicação, cofinanciada no âmbito do Programa “Portugal 2020”, afigura-se como uma viagem no tempo, onde é explicada a cultura do sargaço e toda a sua envolvência espiritual e física, documentada por uma série de imagens históricas e atuais.
O livro/catálogo reflete o núcleo expositivo do Museu do Sargaço, como deu nota o autor, desafiando a comunidade a encarar este espaço não como património do passado, mas antes “património do futuro”. Referindo-se à temática deste Dia Internacional dos Museus, Álvaro Campelo afirmou que “o Museu é um espaço de pedagogia, de aprendizagem” e, neste contexto, defendeu que “o Museu do Sargaço tem de ser o grande centro do pensar da freguesia de Apúlia”, exortando, por isso, a comunidade e as associações locais a envolverem-se em torno do Museu do Sargaço.
O autor/investigador sublinhou a riqueza patrimonial do concelho de Esposende, onde se insere o património imaterial como o Banho Santo de Mar, as paisagens do sargaço de Apúlia, os tapetes do Senhor aos Enfermos de Belinho e as cestas de junco de Forjães. Deu nota também da excelência da gastronomia e dos produtos endógenos locais e destacou o diferenciador cultivo das masseiras. Realçou a importância da preservação da cultura e da identidade locais, apelando ao contributo de todos nesse desígnio. “Isto é a nossa história, a nossa memória, daí surge a inovação e a criatividade”, afirmou fazendo notar, ainda, que o território só tem a ganhar em termos turísticos.
Numa semana marcada pela realização de um conjunto de eventos culturais e pela garantia de execução de projetos estruturantes para o concelho, nomeadamente nas vertentes da educação e da saúde, o presidente da Câmara Municipal de Esposende, Benjamim Pereira, expressou também a sua satisfação pela edição da publicação “Paisagens do Sargaço”, que dá visibilidade à cultura do sargaço, uma importante tradição das gentes de Apúlia. “Passar esta cultura para as crianças é o maior legado que lhes podemos deixar”, afirmou o autarca, defendendo a premência de preservar as tradições, a memória e a identidade locais, sob pena de se perder um “património valiosíssimo”. Afirmou que neste campo, o Município tem cumprido o seu papel, de que é exemplo a criação do Museu do Sargaço, numa estratégia também de valorização e de promoção do território. Uma aposta assertiva que tem dados frutos, afirmou o autarca, aludindo aos projetos previstos para a Estação Radionaval de Apúlia e do Forte de S. João Baptista, precisamente orientados para a investigação e educação, vertentes a que alude a temática deste Dia Internacional dos Museus.
“Cabe-nos a nós tornar os museus espaços vivos e dinâmicos”, referiu o presidente da Câmara Municipal na sua intervenção, onde deu nota do investimento concretizado pelo Município, tanto na beneficiação dos equipamentos culturais como na execução de novos projetos, bem como no apoio às associações culturais do concelho. “A cultura tem mesmo um pilar basilar na nossa atuação”, afirmou.
Perante os apulienses presentes, Benjamim Pereira referiu que já foi lançado o concurso público para a requalificação da Unidade de Saúde de Apúlia, num investimento superior a 1 milhão de euros e cujo financiamento só cobre metade desse valor, o que expressa a preocupação do Município em garantir à comunidade o acesso aos cuidados de saúde. Deu nota também de que está para breve o avanço do projeto de construção do novo Centro de Saúde de Esposende, no valor de 6 milhões de euros, e revelou que está garantido o financiamento para a execução da segunda fase das obras de requalificação da Escola Secundária Henrique Medina. “O Município está forte e pujante”, vincou.
Em representação do executivo da Junta da União das Freguesias de Apúlia e Fão, Luísa Torres saudou a edição do livro/catálogo, “que retrata uma atividade épica e própria da comunidade apuliense”, a qual “permanece viva” desempenhando “parte importante na identidade e história da mesma” sendo também “fator de atração turística”. Agradeceu o contributo do Município e de todos quantos colaboraram nesta edição e apelou ao Município para, por um lado, dar maior visibilidade ao Museu do Sargaço e, por outro, que concretize a edição de “uma obra que retrate, identifique, imortalize para a posteridade as gentes, as canções e as histórias de Apúlia”.
A sessão contou com uma pequena representação de “um serão numa típica casa de Apúlia, durante a metade do século XX”, protagonizada pela “Mareada”, uma associação apuliense criada para a recolha, preservação, promoção e divulgação do património material e imaterial de Apúlia.