Governo pede urgência em inquérito à morte de utente no hospital de Viana do Castelo
O Ministério da Saúde pediu que o inquérito aberto pela Unidade Local de Saúde do Alto Minho para apurar as circunstâncias da morte de um doente no hospital de Viana do Castelo “decorra com a urgência desejável”.
Em resposta, por escrito, a um pedido de esclarecimento hoje enviado pela Lusa, o Ministério da Saúde diz “aguardar a conclusão do referido inquérito, reforçando a necessidade de que o mesmo decorra com a urgência desejável”.
“O Ministério da Saúde lamenta esta morte e apresenta os mais sentidos votos de pesar à família”, refere a nota.
O Ministério da Saúde realçou ainda a decisão do conselho de administração da ULSAM de abrir, “de imediato, um inquérito interno a este caso, cumprindo a sua obrigação de avaliar com rapidez e tecnicamente a situação da morte ocorrida nesta unidade”.
A família de Manuel Ricardo Costa, de Deão, acusa o hospital de Viana do Castelo de negligência por, alegadamente, ter desvalorizado as queixas de dor no peito e no braço do utente, atribuindo-lhe uma pulseira verde no serviço de urgência. Segundo a família, Manuel Ricardo Costa estava há mais de três horas à espera para ser atendido, quando caiu inanimado em plena sala de espera. O óbito foi confirmado poucas horas depois.
A população de Deão ficou consternada com o falecimento repentino de Manuel Ricardo Pereira e Costa e a família também não se conforma, garantindo que “se o atendimento tivesse sido diferente, o desfecho não seria uma tragédia”. “Como é que alguém vai a conduzir para o hospital e sai de lá dentro de quatro tábuas?”, questiona uma familiar, explicando que Manuel Ricardo Costa chegou ao serviço de urgência, acompanhado da esposa, por volta das 11,30 horas. Alegadamente, queixava-se de dor no peito e num braço e, na triagem, foi-lhe atribuída uma pulseira verde. “Esteve mais de três horas sem ser visto. A esposa ainda foi, duas ou três vezes, informar que ele estava a sentir-se pior, mas continuou à espera”, contou. Por volta das 15 horas, caiu inanimado na sala de espera do serviço de urgência, tendo sido assistido de imediato. “Tentaram reanimá-lo, mas por volta das 19 horas informaram a família que tinha falecido”, explicou, mostrando-se inconformada e acusando o serviço de “negligência grosseira”. “A família está indignada pela falta de auxílio e as três horas que esteve à espera fizeram diferença. Poderia ter sido salvo. Não me posso calar porque desta vez foi ele, amanhã sou eu e depois é outra pessoa. Não se pode brincar com a vida das pessoas”, atirou, defendendo que o facto de ter sido dia de greve na função pública nesse dia “não justifica a falta de assistência”. “O hospital tem que avaliar o desempenho dos profissionais. Alguma coisa tem que ser feita porque isto não pode voltar a acontecer”, frisou.