“A nossa principal preocupação, neste momento, é encontrar soluções para os trabalhadores da Coindu”

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O presidente da Câmara de Arcos de Valdevez disse estar em contacto com o Ministério da Economia e o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) para encontrar soluções para os 350 trabalhadores despedidos pelo grupo Coindu.

Contactado pela agência Lusa, João Manuel Esteves afirmou que a sua “principal preocupação”, após a “surpresa” do anúncio, na segunda-feira, do encerramento da fábrica de Arcos de Valdevez, no distrito de Viana do Castelo, é a de “encontrar soluções” para os 350 trabalhadores que vão ficar sem emprego a partir de 31 de dezembro.

Na segunda-feira, o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA) revelou à agência Lusa o encerramento da fábrica de Arcos de Valdevez e o despedimento dos 350 trabalhadores.

Segundo o SIMA, a decisão acontece cerca de um mês após a compra da empresa pelo grupo italiano Mastrotto.

“Este processo foi levado a cabo sem qualquer informação e consulta aos trabalhadores, numa completa ilegalidade sem que qualquer ação das autoridades competentes”, destaca o SIMA.

Na altura, a Lusa contactou a administração da Coindu, mas ainda não obteve resposta.

O autarca social-democrata iniciou contactos com o Ministério da Economia e com o IEPF e manterá nova ronda de conversações com as duas entidades governamentais.

“O principal objetivo é encontrar, agilizar vários apoios e incentivos à procura de emprego, à contratação, à formação e à criação do próprio emprego”, afirmou.

João Manuel Esteves referiu estar em curso a definição de “um plano para cada um dos trabalhadores, dando-lhes conta de um conjunto de direitos e de deveres”.

“O objetivo é dar-lhes conta de um conjunto de oportunidades, quer ao nível de emprego como de formação, de incentivos e dos vários apoios a que podem recorrer”, especificou.

O presidente da câmara revelou ainda que a autarquia “está a desenvolver e a acompanhar outros contactos que têm sido feitos no sentido de encontrar investidores” interessados na fábrica.

“A nossa principal preocupação, neste momento, é encontrar soluções para os trabalhadores. Este despedimento tem um impacto grande no concelho, apesar de só um terço dos 350 trabalhadores da Coindu residir em Arcos de Valdevez. Nós preocupamo-nos com todos. Os 350 trabalhadores merecem a nossa atenção, são bons trabalhadores. Por isso, também estamos a apelar a outros empresários que, eventualmente, estejam à procura de mão de obra, que deem uma oportunidade às pessoas, porque são trabalhadores qualificados”, referiu.

Contactado pela Lusa, o presidente do SIMA adiantou estar marcado para sexta-feira um plenário de trabalhadores.

Em 15 de outubro último, o Gruppo Mastrotto, fundado em 1958 na Itália, anunciou, em comunicado, a aquisição de “uma participação maioritária na Coindu – Componentes Para A Indústria Automóvel, SA., por meio de uma contribuição de capital para apoiar o relançamento do negócio”.

“Esta transação faz com que a Coindu se torne parte de um grupo líder da indústria de couro, consolidando a sua estabilidade financeira e operacional. Para o Gruppo Mastrotto, esta operação visa avançar a integração vertical, aumentando a capacidade da empresa de oferecer soluções de ponta a ponta para os interiores dos automóveis e fortalecendo sua posição competitiva no mercado global”, lê-se da nota.

O Gruppo Mastrotto acrescenta estar, tal como a Coindu, “comprometido em expandir sua presença em segmentos de mercado de luxo”.

Em Portugal, a Coindu, fundada em 1988, tem unidades fabris em Arcos de Valdevez e em Joane, empregando no total cerca de 2.000 trabalhadores.