IInvestigadores da Universidade do Minho criam sensores eletroquímicos para detetar toxinas e alergénios no peixe e frutos do ma

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Uma equipa de investigadores da Escola de Ciências da UMinho (ECUM) desenvolveu um (bio)sensor eletroquímico capaz de detetar e quantificar toxinas como a tetrodotoxina (TTX) e alergénios como a parvalbumina (PV) em peixe e frutos do mar como o mexilhão ou a amêijoa. Em Portugal, estes alimentos são muito consumidos, por serem ricos em proteínas, gorduras saudáveis, vitaminas e minerais, oferecendo inúmeros benefícios para a saúde. No entanto, podem provocar alergias e intoxicações alimentares.


Os (bio)sensores, semelhantes aos utilizados para medir o nível de glicose em diabéticos, oferecem várias vantagens em relação aos métodos instrumentais de análise utilizados em contexto laboratorial. São de baixo custo, de análise rápida e a sua elevada portabilidade e praticidade permitem que esta tecnologia seja usada in situ por operadores da indústria pesqueira. “O objetivo seria que os trabalhadores da indústria pesqueira, diretamente no local de captura, pudessem recolher uma amostra de três mexilhões/amêijoas, preparar a amostra de forma simples (como nos testes rápidos de COVID-19), e, em seguida, utilizar o sensor desenvolvido pela nossa equipa para verificar se as amostras estão contaminadas pela toxina TTX. Em caso de resultado positivo, a captura em massa seria interrompida, evitando o desperdício alimentar”, afirma José Pedro Rocha, do Centro de Química (CQ). Dessa forma, os sensores permitem análises descentralizadas realizadas pelas próprias indústrias pesqueiras, eliminando a necessidade de recorrer a laboratórios de análises certificados.

“Este sensor é uma alternativa aos métodos instrumentais de análise, atualmente usados para a monitorização da TTX. Com estes métodos convencionais, as amostras precisam passar por um conjunto de etapas e os resultados só estão disponíveis após um longo período de espera”, adianta. O sensor, o primeiro do género desenvolvido para detetar a toxina TTX, foi desenvolvido ao longo de um ano. Essa toxina, extremamente perigosa, pode causar a morte mesmo em quantidades vestigiais, sendo 100 vezes mais tóxica que o cianeto. Com base em tecnologia avançada e devido à sua importância para a sociedade, o dispositivo já está pronto para ser patenteado.

Além de identificar toxinas, o sensor pode ser adaptado para analisar alergénios, como a parvalbumina, o principal alergénio presente nos peixes. “Analisamos salmão em diferentes formas de processamento: fresco, grelhado, em conserva, paté e fumado. O fresco é o que possui maior nível do alergénio”, adiantou José Pedro Rocha.

O projeto conta com a colaboração do LAQV/REQUIMTE (polo GRAQ) e Faculdad de Química da Universidade de Vigo (Espanha).