Professoras “especiais” homenageadas pelo “compromisso com a inclusão”

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As professoras Maria Margarida Marques e Maria Luísa Matos foram homenageadas no Dia da Cidade de Viana do Castelo pelo trabalho que fizeram na promoção da educação especial no concelho. Distinguidas como cidadãs de mérito da cidade, as duas receberam o galardão em conjunto, premiando assim um percurso de décadas ao serviço da inclusão e da educação especial. As duas fizeram parte da equipa de coordenação dos apoios educativos de Viana do Castelo, estrutura que foi criada para supervisionar a educação especial a nível concelhio. Quando essas equipas terminaram, por força da lei, foram colocadas na escola de Monserrate.

Maria Luísa Matos é professora de ensino primário e esteve na origem da educação especial em Viana do Castelo e Maria Margarida Marques, que é de Lisboa e vive em Viana há 30 anos, juntou-se mais tarde. “Quando o ensino especial começou, só estavam integrados alunos cegos, deficientes auditivos e com dificuldades de aprendizagem”, lembrou Maria Luísa, acrescentando que o apoio começou a ser dado por itinerância, nas casas das famílias. “Fomos nós que fizemos o levantamento das crianças com necessidades especiais através dessas visitas aos domicílios”, recordou Maria Luísa, que iniciou a sua trajectória como voluntária no grupo que deu origem à Associação Cultural de Educação Popular (ACEP) da Meadela, onde trabalhou com a infância durante 25 anos. “Com uma trajectória marcada pelo compromisso com a inclusão e o desenvolvimento educacional, Maria Luísa Matos é um exemplo de dedicação e impacto positivo na comunidade escolar e na sociedade”, frisa a Câmara de Viana, que lhe atribuiu o título de cidadã de mérito. “Integrei a equipa de educação especial em 1981e estive nessa equipa até 2024 com muito gosto. Sempre me interessei pelas crianças com necessidades especiais, que depois continuei na ACEP”, recordou.

Com um extenso percurso na docência e direção escolar, Maria Margarida Marques destacou-se também pelo seu trabalho na transição para a vida activa por parte dos alunos com necessidades educativas especiais. “Esse projecto mantém-se ate hoje nas escolas, com o objectivo de acompanhar os alunos além da escolaridade, proporcionando-lhes experiências de emprego nos últimos anos da escola. Trabalhamos com o IEFP para arranjar-lhes colocação”, frisou, defendendo que “há muito a preservar do que já se fez em Viana pela educação especial”. “Aqui organizavam-se respostas diferentes dos outros concelhos e espero que assim continue porque tivemos um trabalho reconhecido a nível nacional e internacional”, defendeu. “Temos um trabalho muito rico para ajudar na transição da escola para a vida adulta. Trabalhamos muito na escola e temos o levantamento das empresas locais que contribuíram imenso e abriram-nos as portas”, completou Maria Luísa, enfatizando que os alunos com necessidades especiais “são cidadãos de corpo inteiro na escola e no trabalho”.

Aposentada desde 2023, depois de ter estado 10 anos como adjunta da Direção do Agrupamento de Escolas de Monserrate, Maria Margarida Marques dedica-se ao voluntariado e dá aulas de português a migrantes. “A sua trajectória é marcada pelo compromisso com a educação inclusiva e pelo impacto positivo que gerou na vida de muitos alunos e da comunidade”, realça a autarquia, na justificação do título de cidadã de mérito.

“Este galardão significa que está a ser dada importância a uma área da educação. É importante para nós e para todas as pessoas que continuam a trabalhar na educação especial”, comentou Maria Margarida Marques. Para Maria Luísa, o galardão de cidadã de mérito corresponde a uma “recompensa” pelo seu trabalho. “Mas, na verdade, não fiz nada demais porque dediquei-me a um serviço público e, como disse a Maria Margarida, o nosso trabalho resulta de uma equipa e do empenho de todos”, reagiu a professora, frisando que sempre sentiu o reconhecimento do seu trabalho por parte de alunos, famílias e colegas. “Este é mais um reconhecimento, muito forte porque representa a cidade de Viana do Castelo”, admitiu.

Ao longo de décadas a trabalhar com educação especial, as duas professoras concordam que se cruzaram com muitos alunos “inspiradores”. “E famílias também que sempre lutaram connosco pelos seus filhos, para os verem crescer e desenvolver para se tornarem em activos da sociedade”, confirmou Maria Margarida Marques.