Pescadores de Vila Praia de Âncora receiam “ficar enclausurados”

0
48

A Associação de Pescadores Profissionais e Desportivos de Vila Praia de Âncora manifestou-se favorável ao plano para as eólicas ‘offshore’ publicado em Diário da República, por ser “o que é menos mau” para o concelho de Caminha.

Em declarações à Lusa, Carlos Sampaio, diretor da associação, alertou que uma eventual correção ao diploma publicado em 07 de fevereiro deixaria os pescadores de Caminha “enclausurados entre dois parques eólicos monstruosos” – o português e o espanhol, com instalação prevista “em frente à praia de Moledo”.

“O polígono publicado no Diário da República é o que é mais favorável para Vila Praia de Âncora e Caminha. Preferíamos não ter nada, mas aceitamos esta solução porque é a menos má para o concelho”, explicou Carlos Sampaio, representante daquela associação de pescadores de Vila Praia de Âncora, no concelho de Caminha, distrito de Viana do Castelo.

O responsável sublinhou ainda que o Plano de Afetação para as Energias Renováveis Offshore (PAER) aprovado pelo Governo “libertou o pesqueiro mais importante do concelho de Caminha”, o da Serra do Norte, “usado por seis embarcações costeiras do concelho”. “Se o polígono viesse mais para norte, esse pesqueiro seria cortado a meio”, avisou.

Por outro lado, esse avanço para norte deixaria os pescadores de Caminha “presos entre dois parques eólicos”. “O parque eólico galego vai ficar a um quarto de milha, ou seja, a cerca de 400 metros da fronteira portuguesa. Se o parque português vier para norte, o canal de navegação estreita e fica com menos de três milhas, o que é impensável para nós”, vincou.

De acordo com Carlos Sampaio, tal vai “comprometer a biodiversidade e a navegabilidade dos portos de Vila Praia de Âncora e Caminha”. Com o atual polígono, o canal de navegação “terá quase quatro milhas”.

Em comunicado, a associação afirma manter “uma posição firme contra a implementação de parques eólicos marítimos na costa portuguesa”, mas assinala compreender “que a descarbonização é um passo fundamental para um futuro mais sustentável”.

A associação sustenta que, caso as compensações pela instalação de parques eólicos ‘offshore’ sejam inevitáveis, devem ser transversais a várias atividades ligadas ao mar, “incluindo a pesca profissional e desportiva”, os negócios marítimo-turísticos e o turismo costeiro e “as populações, que perdem o direito a uma visão limpa do mar”.