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“Fui vendido pelos Leões de Braga ao Limianos por 12 bolas e 12 pares de sapatilhas”
O nome António da Silva Azevedo pouco dirá aos adeptos do Limianos, mas a alcunha Zé Maria, que ganhou graças ao irmão, antigo capitão e referência do SC Braga, já faz muitos sorrir ao lembrar esta velha glória do clube de Ponte de Lima. Aos 80 anos, Zé Maria mantém a mesma vivacidade dos tempos em que jogava à bola, “sem medo a nada nem ninguém”, com versatilidade nos pés e braçadeira de capitão. Assume-se como adepto do SC Braga e do Limianos e emociona-se ao lembrar o irmão, que lhe emprestou o nome e de quem sente um especial orgulho.
Nascido na rua da Devesa, bem perto do velhinho estádio 1º de Maio, Zé Maria começou a trabalhar em criança numa oficina de recauchutagem de pneus do padrinho. Fez a quarta classe e aos 16 anos, entrou para os juniores do SC Braga. Mais velho quase 10 anos, Zé Maria, o irmão futebolista, já era um craque no clube minhoto. “Como morava pertinho do estádio, quando tinha algum tempo livre ia sempre para lá e convivia com os jogadores. O meu irmão era a minha principal referência”, assumiu, feliz por ter seguido o conselho que o seu irmão mais velho lhe deu: “Nunca baixes as orelhas e não tenhas medo a nada. Dentro de campo, responde a tudo!”
Talvez por isso, enfrentou jogadores mais possantes sem receio. “O máximo que pesei foi 67 quilos e nunca tive medo de enfrentar jogadores como Jaburu, que era o dobro do meu tamanho, ou Ernesto, que estiveram na I Divisão e passaram para a terceira”, exemplificou. “Uma vez, num jogo no campo do Cruzeiro, o Poças [guarda-redes do Limianos] socou a bola, eu estava na linha de baliza e o Jaburu disparou um tiro, a bola bateu-me na cabeça… só sei que acordei no balneário”, descreveu.