Zadok expôs em Cerveira mais de 9500 figuras de pessoas que viu, mas nunca conheceu 

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Zadok Ben-David apresentou, em Vila Nova de Cerveira, a maior instalação até à data do projeto “People I saw but never met” (Pessoas que vi, mas nunca conheci), num total de 9.300 figuras colocadas nos 550m2 da sala principal do Fórum Cultural de Cerveira. A instalação do artista de 76 anos propõe um retrato de uma sociedade global, num mundo sem fronteiras.Com curadoria de Mafalda Santos, pode ser visitada até 25 de outubro.

As peças são inspiradas em fotografias, captadas pelo artista, de pessoas que observou ao viajar por 22 países da Europa, Ásia Central, Extremo Oriente, Austrália, EUA, Sibéria e Antártida. Zadok captou pequenos instantes da vida quotidiana e reuniu um grupo improvável de cidadãos globais, incluindo refugiados e imigrantes. A instalação é composta por 9.125 figuras em miniatura feitas de aço inoxidável, pintadas à mão e gravadas com ácido químico, e cerca de 175 figuras grandes em alumínio, cortadas à mão. Cerca de 2.000 destas figuras foram desenhadas a partir de pessoas que Zadok fotografou em Portugal, nomeadamente na feira semanal que se realiza aos sábados em Vila Nova de Cerveira.

Para além da exposição, Zadok Ben-David inaugurou também, no Palco das Artes, a nova escultura de espaço público “Shadow of the Song”, que se junta às cerca de 50 peças patentes em Vila Nova de Cerveira de vários autores.

Nascido no Iémen e radicado em Israel, Ben-David participou em bienais em todo o mundo, incluindo a Bienal de Veneza, em 1988. A sua ligação a Vila Nova de Cerveira remonta às primeiras Bienais Internacionais de Arte de Cerveira, na década de 80, tendo participado em oficinas e exposições desde então. Atualmente, reside em Londres, mantém uma segunda habitação em Vila Nova de Cerveira e tem um atelier nas instalações da Metaloviana, em Viana do Castelo. A fábrica de metalomecânica é, aliás, um dos locais onde estão expostas muitas das suas peças icónicas, moldadas e soldadas à mão com a ajuda de soldadores. “O Zadok é como um filho para a Metaloviana, onde até já temos um jardim cultural com o seu nome”,  frisou Valdemar Cunha, da administração da Metaloviana, empresa que está a fazer renascer a antiga cerâmica Rosas. “Sabemos que se trata de um património de turismo industrial, que pretendemos respeitar, e, a par da indústria que abraça o mundo produzida ali, temos a cultura à sua volta. E o Zadok, além de um amigo, é um filho da casa”, reforçou, partilhando que a relação entre a Metaloviana e Zadok nasceu há décadas, quando Morais Vieira, fundador da empresa, o conheceu e disponibilizou-se para o ajudar na execução das suas peças.