“Canário é uma enciclopédia viva”

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Ao longo destes 25 anos, Canário tem subido ao palco com muitos amigos. Cândido Miranda é um dos mais antigos já que ambos celebram 43 anos de carreira comum, em maio. “É um orgulho muito grande fazer parte dos 25 anos deste projecto, que vivi intensamente”, admitiu Cândido Miranda, destacando a importância que este projecto de Canário teve na projecção da música popular. “Canário começou pelas concertinas e depois juntou outros instrumentos como viola baixo e bateria. Foi uma inovação muito grande na altura, que deu origem ao aparecimento de outros grupos do género. Por isso, a maior memória que guardo é sentir que abrimos o caminho e candeia que vai à frente alumia duas vezes”, gracejou.

João Ferreira conheceu Canário na APPACDM, onde trabalharam juntos, e fez farte do grupo Cantares do Minho, que antecedeu o actual projecto musical. Com o “tio Zé das Tabuinhas”, tio de Canário, João Ferreira foi dos primeiros instrumentistas de violão, que aderiu ao grupo, até então focado nas concertinas. “Foi o primeiro projecto que fizemos a partir da APPACDM, com o Júlio Viana e com o Cândido Miranda. O Canário cresceu muito, entretanto, e há muito que é um embaixador de Viana. É um homem que ama muito a vida e ajuda os outros a viver também. Tem uma força indomável e incansável, umas pilhas inesgotáveis, que levam por arrasto as pessoas que o rodeiam”, considerou o amigo de 71 anos da Areosa, que também subiu ao palco para cantar com Canário.

Júlio Viana, que também faz parte dos primórdios da carreira de Augusto Canário, destacou a sua evolução “sempre a subir”. “Também toquei com ele e guardo memórias fantásticas. Mas a história dele é muito mais antiga, começou no liceu com umas guitarras, na brincadeira. Reencontrei-me com ele e com o João Ferreira na APPACDM e juntos congeminamos o grupo “Cantares do Minho”, depois ainda fizemos o “Trio Arpejos”, que correu o mundo, num período fantástico”, recordou, feliz por ter ajudado à introdução de outros instrumentos, além das concertinas nos espetáculos do Canário. “Comecei por tocar baixo e foi altamente inovador. O Canário foi muito pioneiro nisso. Tiro-lhe o chapéu e foi uma honra muito grande ter estado aqui com ele, nesta celebração de amizade e partilha de memórias boas”, admitiu.

Marta Azevedo, conhecida em palco como “Martinha”, está há 13 anos no projecto do Augusto Canário, período que descreve como “uma montanha russa”. “É uma roda vida, estamos constantemente com bastantes concertos e é sempre gratificante quando recordo o início do meu percurso aqui. Vejo o que evoluí e o que o grupo evoluiu. O Canário é um ótimo professor, é uma enciclopédia viva, tem uma cultura imensa, sabe falar e improvisar sobre qualquer tipo de assunto. Viveu, leu e lê muito e isso dá-lhe um cunho muito próprio. Aprendi muito com ele e com o Cândido Miranda”, admitiu a cantadeira de Vila do Conde que conheceu Canário “por acaso num jantar de uma escola de concertinas, onde ele tinha sido professor”. “Quando ele precisou de alguém para substitui a Naty lembrou-se de mim e acabei por ficar”, contou.

Marta reconhece que Canário “foi e é um grande promotor das desgarradas em palco, da quadra inteligente, do deixar o vernáculo de parte e colocar um pouco de doçura nas palavras e expressões menos doces. Tem sido uma força motriz por trás das desgarradas, colocou as concertinas na moda e mantém os cantares ao desafio como uma arte viva”, reconheceu.