“A Ordem dos Médicos deixou-se enredar, a Norte, por uma teia de interesses que nos envergonha”

0
4

José Manuel Cunha anunciou a candidatura ao Conselho Sub-Regional de Viana do Castelo da Ordem dos Médicos. O médico de família, de 64 anos, que há mais de 40 trabalha em exclusividade do Serviço Nacional de Saúde, considera que tem havido uma “promiscuidade muito grande” entre os médicos e a política e, por isso, decidiu avançar para “devolver à secção regional do Norte da Ordem dos Médicos a sua independência, a sua credibilidade e a sua honra”.

“Tem havido uma promiscuidade muito grande entre a Ordem dos Médicos e o poder politico e isso não pode acontecer. A Ordem deve ser uma entidade absolutamente independente da política”, defende José Manuel Cunha, que foi o responsável para os cuidados de saúde primários do anterior Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde do Alto Minho, entretanto substituído. “Após uma carreira de mais de 40 anos de atividade sempre no Serviço Nacional de Saúde, com uma atividade clínica intensa, e também com atividade na direção e gestão de unidades de saúde para além da intervenção sindical e na Ordem dos Médicos, poderia achar que deveria começar a pensar em ir progressivamente desligando e preparando aquilo que julgaria ser um merecido descanso. No entanto, considero que a situação atual é extremamente grave. Não tenho dúvidas em afirmar que é a mais grave que enfrentamos desde que iniciei a minha carreira nesta nobre profissão”, alerta José Manuel Cunha, na sua carta de motivação de candidatura. “Há uma nuvem sombria sobre o Serviço Nacional de Saúde. E a instituição, que mais deveria defender a nossa profissão e, consequentemente, a população que servimos, deixou-se enredar, a Norte, por uma teia de interesses que nos envergonha enquanto médicos e que descredibiliza completamente a nossa Ordem dos Médicos. Ao invés de defender a nossa independência face a todos os poderes, a qualidade do exercício da nossa profissão e consequentemente a defesa dos nossos utentes optou por entrar numa espiral vertiginosa de conluios com interesses de grupos ou facções, que não são os nossos nem os da população e que vêm destruindo o prestígio da nossa profissão”, acrescenta o candidato, assegurando que lidera “um grupo de colegas excecional”, cujo único objetivo “é restaurar o prestígio dos médicos do Norte”, para, “finalmente, voltar a ter, tanto em Viana, como no Norte uma Ordem com confiança”.

O candidato defende a utilização da sede do Conselho Sub-Regional de Viana do Castelo da Ordem dos Médicos para aproximar as diferentes gerações de médicos. “Acho que há um desfasamento grande e era interessante conjugar a experiência dos mais velhos com a vontade e expectativas dos médicos mais novos. Uma das minhas grandes prioridades é dinamizar a sede da Ordem para que os jovens vão lá e promovam reuniões”, adiantou.