Politécnico de Viana do Castelo acolhe exposição com memórias inéditas sobre a doença de Hansen
A Escola Superior de Saúde (ESS) do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC) acolhe de 25 de abril a 6 de maio a exposição “Hansen stories: memórias inéditas sobre uma doença e um hospital”. Integrada no projeto “Rovisco Pais old leprosy – a museological nucleus and storytelling website”, desenvolvido no Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro – Rovisco Pais e apoiado pela Sasakawa Health Foundation (Japão), esta exposição inclui uma seleção de 15 histórias de ex-utentes e ex-funcionários ou visitantes do antigo hospital.
A exposição é promovida pelo Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro – Rovisco Pais e remete os visitantes para um conjunto de memórias, contadas na primeira pessoa, que compartilharam o mesmo espaço – o Hospital Colónia Rovisco Pais (Tocha – Cantanhede) – última e única Leprosaria Nacional, especializada no tratamento da doença de Hansen (1947 e 1996). Através da “Hansen Stories – Memórias inéditas sobre uma doença e um hospital” é possível conhecer testemunhos de pessoas que trabalharam e viveram nesta instituição hospitalar, projeto que surgiu com o patrocínio da Sasakawa Health Foundation, a curadoria da CulturAge, numa parceira com o designer Rui Veríssimo.
A exposição tem como objetivos fomentar e apelar à prática da partilha de memórias pela comunidade e à participação de todos enquanto cidadãos para a preservação da história e do património. Valorizar o património e história nacional, local e regional e criar materiais e espaços de reflexão que possam levar ao desenvolvimento de atividades pedagógicas e lúdicas nos domínios da história social e económica, das mentalidades, da medicina em geral, do património e memória coletiva são outros dos objetivos desta exposição.
A Fundação Sasakawa, patrocinadora da mostra, é uma organização sem fins lucrativos e objetivos filantrópicos, criada em 1981 por Yohei Sasakawa, presidente da Fundação Nippon. Esta fundação japonesa dedica-se a apoiar causas humanitárias, em todo o mundo, sendo uma das principais a eliminação da doença de Hansen e o preconceito que está associado à doença.
De destacar que o Hospital-Colónia Rovisco Pais foi inaugurado a 7 de setembro de 1947, com vista ao tratamento, estudo e profilaxia da lepra. Também denominada Leprosaria Nacional, a instituição foi concebida para colmatar uma lacuna estrutural no tratamento, profilaxia e estudo da lepra.
Edificado na vila da Tocha, no concelho de Cantanhede, numa propriedade agrícola com cerca de 140 hectares, o Hospital-Colónia permitia a lotação de mil hansenianos. O projeto arquitetónico coube ao arquiteto Carlos Ramos (1897-1969), um dos mais destacados arquitetos portugueses da época no domínio hospitalar.
Fernando Bissaya Barreto, médico cirurgião e filantropo (1886-1974) esteve intimamente ligado à criação do Hospital-Colónia, instituindo no mesmo um modelo profilático e terapêutico da leprologia moderna.