Alto Minho/Galiza: “A instalação de uma linha de muito alta tensão terá um impacto negativo brutal”

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Os municípios de Monção e Melgaço, no Alto Minho, de As Neves e Arbo, na Galiza, participam no domingo, numa manifestação contra a instalação de uma linha elétrica de alta tensão que atravessa as duas regiões.

A Câmara de Monção adianta que a concentração, seguida de manifestação, foi convocada na sequência da publicação, em abril, no boletim oficial do Governo espanhol da declaração de impacto ambiental emitida pela Direção-Geral de Qualidade e Avaliação Ambiental.

Para os municípios da região fronteiriça, aquela declaração vem demonstrar que “o Governo de Espanha mantém o traçado inicial da linha elétrica de muito alta tensão de 400 quilovolts (Kv), desde Fonte Fria até à fronteira portuguesa”.

Promovida pela Associação de Afetados Pela Linha de Alta Tensão Fonte Fria – Fronteira portuguesa, a manifestação tem prevista a presença dos autarcas dos quatro municípios que já se comprometeram a incentivar à participação das populações das duas regiões e a contactar os restantes municípios do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) Rio Minho, para reforçar a “frente comum” de contestação ao projeto.

A concentração seguida de manifestação, que pretende alertar para o “impacto negativo brutal” daquele empreendimento nos territórios e nas populações, tem início às 17:00, em Valiñas-Poste (Barcela-Sela), em Arbo.

Em causa está a construção de uma linha elétrica de 400 kV desde Fonte Fria, em território galego, Espanha, até à fronteira portuguesa, com o seu prolongamento à rede elétrica nacional, no âmbito da Rede Nacional de Transporte operada pela empresa REN.

Em Portugal, a área de implantação abrange sete concelhos – Vila Verde, no distrito de Braga e Ponte de Lima, Ponte da Barca, Arcos de Valdevez, Paredes de Coura, Monção e Melgaço, no distrito de Viana do Castelo – e um total de 60 freguesias.

Em 2015, o projeto foi “recalendarizado” para ser submetido a novos estudos.

De acordo com o Estudo de Impacto Ambiental, o troço nacional deste projeto prevê a construção de duas novas linhas duplas trifásicas de 400 kV, atravessando, potencialmente, 121 freguesias.

O projeto esteve em consulta pública entre 15 de junho e 24 de julho.

A proximidade desta linha, aérea, às casas, as consequências dos campos eletromagnéticos gerados na saúde humana ou o impacto visual de torres 75 metros com margens de segurança de 45 metros para cada lado são as principais preocupações das populações de ambos os lados da fronteira.

A Câmara de Monção informou que, na terça-feira, o presidente da câmara, o social-democrata António Barbosa e seu colega de Melgaço, Manoel Baptista (PS), e os autarcas de Arbo, Horácio Gil, e de As Neves, Xose Manuel Rodriguez, reuniram-se para analisar a posição do governo espanhol e estabelecer uma frente comum contrária ao projeto elétrico.

Os autarcas lamentam que “o Governo espanhol não tivesse atendido às legítimas preocupações das populações e do poder local, manifestadas em diversos locais e variadas formas” e reafirmam a sua oposição à construção do empreendimento elétrico.

Consideram ainda que “a instalação de uma linha de muito alta tensão terá um impacto negativo brutal em ambos os territórios e nas populações locais, originando diversos problemas para a saúde pública, comprovada em diferentes publicações e pesquisas efetuadas por organismos distintos e credíveis”.

Na sexta-feira, o autarca de Arbo, Horácio Gil, vai reunir-se com a subdelegada do Governo em Pontevedra, Carmen Larriba Garcia, estando ainda sem data marcada a audiência solicitada pelos municípios ao Ministério espanhol da Transição Ecológica.