“Longe vão os tempos em que o lobo era inimigo da população de Fafião

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Fafião, na freguesia de Cabril, em Montalegre, vai acolher de 1 a 3 de julho o Festival Alv+deira de Lobos. Trata-se de uma iniciativa em pleno coração do Parque Nacional Peneda-Gerês, onde o lobo é protagonista.

A organização refere tratar-se de um festival “comunitário, que tem como protagonista central o lobo-ibérico e a sua relação com a comunidade local”.

A entrada é livre e, durante o dia, os visitantes podem apreciar galerias de arte, exposições e um mercado comunitário, instalados no “coração da aldeia” de Fafião, conviver com a população local e fazer percursos pedestres, enquanto durante a noite a animação passa para o palco do Fojo dos Lobos, onde as bandas musicais vão atuar.

“Na aldeia onde o lobo era levado para morrer nasce um festival em prol da sua preservação. Longe vão os tempos em que esta espécie, hoje em vias de extinção, era inimiga da população de Fafião – uma das poucas aldeias do país que ainda conserva as seculares tradições das vezeiras [práticas comunitárias de pastoreio do gado]. Tréguas feitas, julho é o mês em que, nesta terra, agora se celebra o lobo”, explica a organização.

O festival também é feito de outras tradições da aldeia, “ao som de fanfarras e com o aroma a conforto que irá sair pelas chaminés dos fornos fafiotos com o ‘workshop’ de produção de pão tradicional”, lê-se no comunicado, acrescentando que “nas cortes onde os animais pernoitam estarão as exposições e as instalações artísticas que incluem pequenos seres mitológicos, feitos de madeira”.

“As ruas estão guardadas para outras intervenções artísticas e tradicionais. Não faltará também a recriação da mítica Queimada Galega pelo Ulisses Pereira, já por algumas vezes protagonista deste ritual pagão praticado há vários séculos na região”, indica a organização.

Durante os três dias, haverá concertos e ‘sets’ de DJ de artistas nacionais e internacionais, assim como exposições de escultura, de pintura, de fotografia e instalações artísticas que estarão distribuídas pela aldeia de Fafião, bem como murais de arte urbana.

“Num lugar com tradição e paisagem, os visitantes poderão ainda participar em ‘workshops’ sobre técnicas ancestrais de produção de artesanato, caminhadas por trilhos desenhados pela comunidade local, conhecer um mercado de produtos típicos produzidos na aldeia e provar refeições comunitárias cozinhadas por habitantes de Fafião”, refere ainda a organização.

Os organizadores do evento defendem a “preservação do património de Fafião”, razão pela qual “os visitantes poderão acompanhar uma exposição biográfica dos santos da terra no interior da capela da aldeia, a realizar pelo grupo de conservação e restauro Dalmática, que se internacionalizou graças ao restauro do retábulo-mor da Catedral do Panamá, visitada e elogiada pelo Papa Francisco e por Marcelo Rebelo de Sousa em 2019”.