Cimeira Ibérica perde o comboio?
A eurorregião Galiza-Norte de Portugal aponta como tema “incontornável” e “fundamental” da próxima Cimeira Ibérica a linha ferroviária de alta velocidade Porto-Vigo, com o presidente da Xunta da Galicia a pedir um calendário e orçamento ao governo espanhol.
Esta posição foi tomad pelos presidentes da Xunta de Galicia (Espanha), Alfonso Rueda, e da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), António Cunha, que participaram no encontro “Galiza-Norte de Portugal | Território e Futuro”.
“Há um tema que é incontornável, é o principal tema e que, quer do lado Norte quer do lado galego, damos uma importância extrema, que é ligação de alta velocidade entre Porto e Vigo no quadro de uma rede ainda maior de ligação entre Corunha e Lisboa e da ligação quer sobretudo do Norte de Portugal à Europa a partir dessa rede de alta velocidade”, afirmou António Cunha.
Também o presidente Alfonso Rueda classificou a linha ferroviária de alta velocidade como “tema fundamental” da Cimeira Ibérica, que se realiza na sexta-feira, dia 04 de novembro, em Viana do Castelo.
O presidente da Xunta da Galicia criticou aquilo que classificou como “indefinição” por parte do Governo espanhol e, por isso, defendeu que é preciso colocar em cima da mesa uma calendarização e orçamentos com vista à construção da infraestrutura.
No início do mês, o Governo português apresentou o projeto de alta velocidade Lisboa-Porto-Vigo, que será implementado de forma faseada, prevendo-se a sua conclusão para 2030. A ligação para Vigo está dependente de articulação com Espanha.
“Do lado espanhol as questões estão a ser desenvolvidas, tratadas, percebemos que também há dificuldades técnicas, mas esperemos que na Cimeira haja boas notícias sobre esse assunto”, afirmou António Cunha.
Alfonso Rueda elogiou o anúncio recente do Governo português e considerou que esta ligação ferroviária irá fortalecer ainda mais as relações entre a Galiza e o Norte de Portugal.
Posição idêntica tem António Cunha, que acredita que as dinâmicas das relações comerciais, turísticas, entre pessoas vão mudar de um “modo sem precedentes” na história do relacionamento entre os dois territórios. “E, por isso, é certamente o ponto a que damos mais importância. Este é o ponto essencial”, frisou.
As ‘regiões’ têm reclamado participar nas Cimeiras Ibéricas. Para António, essa participação “faria sentido”, nomeadamente quando nos encontros ibéricos se tratam de questões transfronteiriças entre as regiões “que protagonizam esses espaços e onde essas fronteiras existem”.