PSD pede demissão de Rui Lages e acusa-o de ter permitido que Caminha “passasse a maior vergonha de que há memória”

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O PSD de Caminha pediu a demissão do presidente da Câmara por falta de “credibilidade política” para continuar em funções, mas Rui Lages garantiu à Lusa que não vai deixar o cargo.

A vereadora social-democrata que integra a bancada da coligação “O Concelho em Primeiro” no executivo municipal, Liliana Silva, acusou Rui Lages de ter sujeitado Caminha “à maior vergonha de que há memória”.

“Claramente não tem condições [para exercer funções de presidente da Câmara]. Ele [Rui Lages] fez com que o concelho de Caminha passasse a maior vergonha de que há memória. Ainda no dia 02 de novembro dizia na reunião de câmara que o negócio era para manter, que o contrato estava bem, que só ia ser alterado e que depois o iria levar a reunião de câmara. Afinal, hoje, por cobardia política, com medo de enfrentar a Assembleia Municipal que nós convocamos ontem [quarta-feira, em reunião camarária], vem dizer que, afinal, vai levar à assembleia a revogação do contrato”, afirmou Liliana Silva.

Na quarta-feira, a Câmara de Caminha aprovou, por unanimidade, a resolução do contrato para construção do pavilhão multiúsos que o ex-secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro Miguel Alves celebrou enquanto presidente da autarquia, alegando incumprimento do promotor.

A vereadora no executivo municipal realçou que Rui Lages esteve “sempre ao lado do promotor, do anterior presidente da Câmara [Miguel Alves] e, nunca ao lado do concelho de Caminha”.

“Por estes motivos, por ter feito e provocado esta vergonha toda ao nosso concelho e por nos terem feito perder, desta forma, por má gestão, 300 mil euros, que nem sequer sabemos se os vamos reaver (…) acho que ele [Rui Lages] não tem qualquer condição política para se manter à frente dos destinos do concelho de Caminha”, frisou.

Apesar de não ser deputada municipal, Liliana Silva disse acreditar que o pedido de demissão de Rui Lajes venha a ser apresentado, hoje à noite, na sessão extraordinária da Assembleia Municipal, requerida pela coligação “O Concelho em Primeiro” (PSD/CDS-PP/Aliança/PPM) para discutir o contrato, aprovado em 2020, que previa a construção de um Centro de Exposições Transfronteiriço (CET).

O ex-secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, Miguel Alves, está a ser investigado pelo Ministério Público (MP) por ter celebrado aquele contrato quando era presidente da Câmara de Caminha.

“Como é que perante um escândalo destes – a um secretário de Estado é exigida a demissão imediata por não ter condições para se manter no cargo – como é que este presidente da Câmara, que aprovou isto há dois anos, que se manteve sempre ao lado do promotor e do Miguel Alves, inclusive aqui há 15 dias, continua a achar que tem condições para estar à frente de um concelho como o de Caminha, depois da vergonha toda por que passamos?”, questionou.

Em declarações à agência Lusa, o autarca socialista Rui Lages garantiu que não se vai demitir e disse que esta é a “estratégia mais fácil de quem está na oposição, pedir a quem está no poder” para deixar de “executar”.

Rui Lages assegurou estar “sempre 100% disponível, seja em reuniões extraordinárias ou ordinárias, para esclarecer os munícipes e os deputados”.

“Estou, como sempre estive, firme para responder à população do concelho de Caminha. E se os senhores deputados querem esclarecimentos é isso mesmo que farei, porque compete ao presidente de Câmara a prestar esclarecimentos perante a Assembleia”, destacou.

Rui Lages acrescentou ter tentado “levar este processo a bom porto”, mas, “estando todas as portas negociais da diplomacia política encerradas, a câmara municipal tomou a decisão que tinha de tomar”, sob sua proposta.

“Estou firme e de cabeça erguida para enfrentar todos os desafios que nos são propostos. Por isso mesmo, estarei sempre ao lado da população do concelho de Caminha, na defesa intransigente do interesse público municipal”.

Na quarta-feira, Rui Lages adiantou que irá “acionar os mecanismos legais para que a câmara municipal tenha, em seu poder, o dinheiro que foi adiantado a título das rendas do vigésimo quinto ano do contrato de aluguer do CET e de todos os demais procedimentos necessários”.

Em causa está um valor de 369 mil euros, 69 mil euros de IVA e, os 300 mil euros da renda.