“Capital da Cultura do Eixo Atlântico é uma arma de combate contra o populismo, o fascismo e o extremismo”
A XXXI Assembleia Geral do Eixo Atlântico aprovou um orçamento de mais e 4,5 milhões de euros. Na reunião realizada em Lugo, foi ainda aprovada a adesão de Esposende, Felgueiras e Vila do Conde, para a entidade que passa agora a ser constituída por 39 municípios e 2 Diputaciones o que, segundo o secretário–geral, sustenta a força da entidade num momento chave para a resiliência das cidades. A Assembleia-Geral homenageou ainda, com um minuto de silêncio, as vítimas da guerra da Ucrânia, conflito que completa esta sexta-feira um ano.
A reunião, que aconteceu no dia seguinte à abertura de Lugo como Capital de Cultura do Eixo Atlântico, para 2023, cuja programação prolonga-se até novembro com mostras de teatro, cinema, concertos e exposições, serviu ainda para insistir no lobby a ambos os governos relativamente à linha Ferrol – Corunha – Lisboa. Neste âmbito, a boa notícia foi o compromisso indiscutível do governo português e, finalmente, conseguiu-se que o governo de Espanha licitasse a saída sul de Vigo (um dos dois troços pendentes na fronteira portuguesa, que estava paralisado há mais de uma década).
A presidente do Eixo Atlântico e alcaldesa de Lugo, Lara Méndez, disse que “o ano de 2023 será um ano de continuidade dos programas já iniciados, com particular destaque para três ideias: reforçar o conhecimento para o desenvolvimento que já está a ser a articulado através das diferentes comissões políticas; continuar com o impulso para a sustentabilidade na luta contra as alterações climáticas, para o qual se está a trabalhar a partir da Agência de Ecologia Urbana com a implementação do Pacto Verde Europeu, a Nova Bauhaus ou as medidas energéticas que a Comissão Europeia está a implementar e; finalmente, através do programa “Uma Eurorregião de cidadãos, pelos cidadãos e para os cidadãos”, no qual serão realizadas ações relacionadas com a política social, o desporto e a cultura”.
Lara Méndez adiantou que, durante os trabalhos, a entidade vai preparar as candidaturas do Eixo Atlântico às convocatórias de fundos europeus nos moldes anteriormente definidos e vai continuar a informar sobre os novos programas financeiros da UE, mantendo um canal permanente de comunicação com Bruxelas.
“Trata-se do Eixo Atlântico continuar a crescer em projetos, e sempre com uma visão clara de futuro para que os municípios e as províncias que compõem a Eurorregião tenham ferramentas analíticas de trabalho realmente úteis face aos desafios que se avizinham, sempre com os objetivos de sermos mais competitivos para alcançar maior desenvolvimento económico nos nossos territórios, alcançar uma sociedade mais justa e equitativa, com menos desigualdades sociais e promover transformações urbanas para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, sendo proativos na luta contra as alterações climáticas, sabendo que as ações de hoje serão a garantia de futuro para as gerações de amanhã”, concluiu ainda a alcaldesa lucense.
Para o vice-presidente do Eixo Atlântico e presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, “esta assembleia acabou por reforçar os êxitos da gestão da presidente Lara Méndez”. “Quero destacar vários elementos que me parecem importantes: o Eixo continua a crescer com três novas incorporações, o que significa que cada vez mais cidades querem fazer parte do Eixo Atlântico e, isto acontece porque o Eixo é um espaço de colaboração entre as cidades na coesão social, no desenvolvimento económico e na sustentabilidade”, realçou. Ricardo Rio recordou que o Eixo Atlântico está a terminar um relatório sobre descarbonização no território, um dos pioneiros a nível europeu e, também no contexto da internacionalização, com os intercâmbios com a América Latina, o Canadá e a Malásia, em diferentes formas de partilhar experiências, demonstrando que “o que se faz aqui, no Eixo, é um bom exemplo para outras cidades do mundo”. “A união faz a força e, no caso do Eixo Atlântico, temos ganhado muito graças a esta colaboração entre as cidades e o território ao longo dos últimos 30 anos”, acrescentou.
O secretário-geral, Xoan Mao, refletiu sobre o “nível de excelência que a inauguração da Capital da Cultura do Eixo Atlântico em Lugo teve, o nível de excelência que tem a programação e a importância que vai ter durante estes nove meses para a promoção da cultura e da indústria cultural galega e portuguesa”.
“Em segundo lugar, refletir que isto é uma arma de combate contra o populismo, o fascismo e o extremismo que, por desgraça, está a voltar a minar a Europa e que não são estranhos ao que está a acontecer na Ucrânia, uma vez que todos sabemos que quem provocou a invasão da Ucrânia é quem também alimentou, incluindo financeiramente, partidos que representam posições populistas e protofascistas nas democracias para enfraquecer a União Europeia e, portanto, isso combate-se com a cultura, a educação e a união no trabalho do desenvolvimento de projetos para a cidadania que é exatamente o que hoje foi discutido e aprovado no Eixo Atlântico: projetos para a sustentabilidade, para a qualidade ambiental, para o desenvolvimento urbano, para o repovoamento dos territórios de baixa densidade, para o apoio solidário, para a internacionalização dos países em vias de desenvolvimento e para tudo aquilo que, através da cultura e da educação, pare o fascismo”, concluiu.