“É natural que haja conflitos…”

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A Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM) abriu um inquérito para apurar “os conflitos” denunciados por “um grupo de profissionais” da Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) do hospital de Viana do Castelo, através de abaixo-assinado.

O presidente do conselho de Administração da ULSAM, Franklim Ramos, disse ter instaurado o inquérito na sequência de um abaixo-assinado subscrito por mais de 40 profissionais da UCI que se queixam do “ambiente verdadeiramente insuportável” que se vive naquele serviço.

Segundo Franklim Ramos, “o conselho de administração recebeu grande parte dos profissionais que subscreveram o abaixo-assinado (…) Ouviu o que tinham a dizer”.  “Aquilo que eu ouvi é matéria para abrir um processo de inquérito. Foi o que eu fiz. E por aqui me fico”, afirmou, escusando-se a especificar as razões que motivaram aquela tomada de posição.

O responsável admitiu ser “natural” que “existam conflitos nas estruturas”, mas sublinhou que a ULSAM “tem ao seu dispor normativos legais para resolver este tipo de situações” sem ter de “andar a discutir as coisas na praça pública”.

Franklim Ramos adiantou que, na reunião que promoveu, os profissionais de saúde “exprimiram o descontentamento” e adiantou estar a aguardar “com calma e tranquilidade” as conclusões do inquérito.

O administrador referiu ter “todo o interesse que o processo de inquérito seja célere, mas a partir do momento que o conselho de administração abre um processo de inquérito não age sobre o instrutor”.

“O instrutor do inquérito, já nomeado, vai ouvi-los, vai elaborar o relatório do inquérito que será submetido ao conselho de administração que decidirá sobre o resultado”, sustentou.

Franklim Ramos garantiu que a UCI, “um serviço de excelência da ULSAM, dotado de pessoal muito competente, está a funcionar muito bem”. “De acordo com a informação que tenho, neste momento, está a funcionar tudo normalmente. O que me interessa é que não haja prejuízo para tratarem os doentes. O resto será resolvido de acordo com os normativos legais que a instituição tem ao seu dispor para resolver situações destas”, disse.

No abaixo-assinado, os subscritores descrevem “um ambiente de constante crispação, atemorização e, sobretudo, de abespinhamento dos enfermeiros de serviço, que está a ter reflexos na sua vida pessoal e profissional, o que, em última análise, compromete a qualidade dos serviços prestados aos utentes”.

A Lusa contactou um dos médicos subscritores do abaixo-assinado, mas sem sucesso.

Os profissionais da UCI dizem que “no presente momento não inexistem condições que permitam à equipa de enfermagem efetuar o seu trabalho com o brio e o denodo que sempre lhes foi reconhecido”.

“Nos últimos oito anos já passaram quatro enfermeiros pelo cargo de gestor e saíram, tendo a enfermeira agora cessante permanecido no cargo menos de um ano, o que diz muito sobre o ambiente por nós vivenciado no serviço e que, no curto e/ou médio prazo, vai irremediavelmente acabar por ter reflexos na prestação de cuidados aos doentes”, lê-se no documento.