Sistelo recuperou socalcos “com rigor”
A segunda de fase das obras de recuperação da aldeia de Sistelo, Arcos de Valdevez, afetada em 2021 por um aluimento de terras, está concluída, após um investimento global de 1,4 milhões de euros. A Câmara de Arcos de Valdevez explicou que a segunda fase da recuperação da derrocada de Sistelo custou 475.724,82 euros e “repôs, com rigor, a orografia, os socalcos (e seus suportes) as infraestruturas de rega e agrícolas preexistentes ao deslizamento de terras, garantindo a reconstituição da paisagem natural, declarada pela UNESCO como reserva mundial da biosfera e classificada como monumento nacional – Paisagem Cultural de Sistelo”.
A obra resultou de uma parceria entre o município e a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e é considerada de “primordial importância para a recuperação e segurança do local e da população e para a sustentabilidade e valorização ambiental de Sistelo”.
O aluimento de terras, no lugar da Igreja, freguesia de Sistelo, classificada como monumento nacional, ocorreu em junho de 2021. A derrocada abriu uma “cratera” com 100 metros de extensão, 12 de metros de largura e cerca de seis metros de profundidade. Por precaução, 31 pessoas foram retiradas de casa.
Numa primeira fase, realizaram-se “obras de reposição e drenagem das águas pluviais da bacia hidrográfica”, sendo que o município “pretende agora repor a paisagem natural que foi destruída, quer pela derrocada propriamente dita, quer pela posterior abertura dos caminhos de acessos às frentes de obra para os equipamentos e transporte dos materiais de construção”.
As duas fases da empreitada são apoiadas por fundos comunitários, ao abrigo do Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (COMPETE 2020) – Transição Climática – Intervenções de Reabilitação da Rede Hidrográfica.
A classificação da aldeia como Monumento Nacional da paisagem cultural da aldeia de Sistelo foi promulgada pelo Presidente da República em dezembro de 2017 e publicada em Diário da República em janeiro de 2018.
Encaixada no fundo de um vale, nos limites do Parque Nacional da Peneda-Gerês e conhecida como o “pequeno Tibete português”, devido aos seus socalcos, a aldeia do Sistelo tem cerca de 270 habitantes e é iminentemente rural.
Os socalcos verdes, junto ao rio Vez, representativos “da relação que o homem desenvolveu com a natureza e a forma como a moldou”, as casas típicas, os moinhos e os espigueiros são “marcas de um passado com centenas de anos”.