“É uma injustiça Vila Verde ainda não ter uma variante 49 anos depois do 25 de Abril”
“Não viramos a cara à luta. Não regateamos e jamais regatearemos esforços, sempre que se trata de estar ao lado das populações e de garantir a efetiva melhoria da qualidade de vida de todos. A consolidação e o reforço dessa grande conquista de Abril – que foi o poder local – exige a canalização dos recursos que lhe são devidos”, declarou a presidente da Câmara, Júlia Rodrigues Fernandes.
Referindo-se expressamente ao processo de descentralização de competências do governo para as autarquias locais, Júlia Rodrigues Fernandes denunciou que a Administração Central continua a “aumentar os encargos dos municípios, em áreas nevrálgicas, como a saúde, a ação social e a educação”.
Apesar das “dificuldades acrescidas”, Júlia Fernandes enfatizou o reconhecimento de que as autarquias conseguem “fazer bem mais e melhor do que o Poder Central com os mesmos recursos”, sendo corroborada pelos representantes dos grupos da Assembleia Municipal e pelos presidentes de Junta.
A falta de investimento público nas infrestruturas rodoviárias – nomeadamente para a construção da Variante à sede de concelho e o acesso de Prado ao parque industrial de Oleiros – representa “uma injustiça e uma falha” que o governo e a Administração Central continuam a não corrigir. “Infelizmente, no concelho de Vila Verde temos ainda como principal reivindicação as acessibilidades”, protestou a presidente da Câmara. “Mas não desistimos e continuamos a garantir um território competitivo e cada vez melhor para se viver. Ao centralismo e ao burocratismo vigentes, vamos continuar a contrapor com uma gestão de rigor e um trabalho permanente que tem as pessoas no centro das atenções e das prioridades”, reiterou Júlia Fernandes.
Um desafio para unir as diferentes gerações de forma a “preservar e fazer vingar” o significado e o impacto da Revolução de 1974 marcou também a sessão solene das comemorações dos 49 anos do “25 de Abril”, onde o presidente da Junta de Freguesia de Moure, José Manuel Lopes, assumiu o discurso de boas-vindas.
O autarca lançou o mote para a defesa do Poder Local, depois de ter enaltecido “a forma intensa e unida como a população e as coletividades organizaram e viveram estas comemorações”. Na cerimónia, sobressaiu ainda a tónica de alerta e preocupação face aos perigos que se avolumam sobre as conquistas da liberdade e da democracia.
O presidente da Assembleia Municipal, Carlos Arantes, fez questão de chamar a atenção para “o significado do 25 de abril e das palavras que o representam”, desde desenvolvimento e transformação, a emprego, educação, saúde e habitação, cravos, afirmação e futuro, igualdade, fraternidade, constituição e paz.
Aplaudindo a apresentação dos testemunhos registados em vídeo de moradores da freguesia de Moure sobre como viveram e sentiram a Revolução de 1974, Carlos Arantes lançou mesmo o repto para se avaliar o convite a “um representante do povo” para discursar nas próximas comemorações do 25 de Abril, e assim ajudar a transmitir aos mais novos o espírito da Revolução.
A necessidade de promover os valores de Abril foi também sublinhada pelas intervenções das deputadas Mara Alves e Conceição Alves, representantes das bancadas do PSD e do PS na Assembleia Municipal.
Mara Alves fez mesmo um apelo à mobilização das diferentes gerações, dos mais novos aos mais idosos, reclamando ainda “a melhor utilização da liberdade e da democracia”, sempre na defesa do interesse público e questionando a avaliação da gestão do Estado e da atuação das suas instituições.
Conceição Alves lamentou a tendência social de desvalorização do “25 abril”, aproveitando para justificar a importância e o impacto dos artífices da revolução que tirou o partido da ditadura opressora para um novo tempo de liberdade e desenvolvimento.
As comemorações do 25 de Abril abriram com o hastear das bandeiras na Praça do Município em Vila Verde, ao som da Fanfarra dos Bombeiros Voluntários. As atividades prosseguiram depois com a sessão solene no auditório da sede da Junta de Freguesia de Moure, sob forte mobilização das instituições e coletividades da freguesia.
Aos escuteiros e ao Rancho Folclórico de Moure, juntou-se o Regimento de Cavalaria nº6 do Exército, num cenário evocativo da Revolução dos Cravos, cuja decoração contou ainda com a colaboração do Agrupamento de Escolas e dos utentes do lar do Centro Social e Paroquial de Moure. A par dos testemunhos partilhados sobre a vivência da Revolução, moradores de diferentes gerações partilharam também momentos de poesia. O coro dos Seniores Ativos do projeto Cultura Para Todos e a Academia de Música de Vila Verde juntaram-se à animação das comemorações.